31.1.11

Medo, pânico ou pavor?

Por João Duque

A CHINA com medo da fraqueza do dólar. Os cristãos com medo dos árabes. Os árabes com medo da dívida portuguesa.
Andam todos assustados. Os funcionários públicos com medo do dinheiro não chegar ao fim do mês. Os açorianos dependentes do orçamento, com medo de não poderem ser compensados pelos cortes. Os médicos reformados com medo de não poderem acumular. Os bolseiros com pavor por terem de devolver parte do que receberam. Os jovens licenciados com medo do desemprego.
O desemprego com medo do INE. O INE com medo de não conseguir baixar o número de desempregados com a nova metodologia. O IGCP em pânico com os leilões. O mercado com medo de Portugal. As escolas privadas com medo de fecharem. (...)
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A história da Terra escrita nas rochas sedimentares

Por A.M.Galopim de Carvalho

A HISTÓRIA da Terra lê-se nas rochas. Com efeito, as rochas podem ser entendidas como documentos que os geólogos aprenderam e ensinam (se for caso disso) a ler. E as letras que trazem escritas são, em especial, os seus minerais e os fósseis que muitas delas encerram, como é o caso das rochas sedimentares.
Como constituintes mais peliculares da litosfera acessíveis à curiosidade dos geólogos, as rochas sedimentares constituem um domínio particularmente importante da Geologia e são o fulcro das preocupações dos sedimentólogos, uma especialização relativamente recente que se fica a dever aos interesses das grandes empresas petrolíferas. (...)
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30.1.11

«A Quadratura do Circo» - «O Grito»

Por Pedro Barroso

Amigos,

A SENSAÇÃO de incomodidade, de insatisfação e descontentamento tomaram as rédeas do nosso quotidiano.
Pelas tertúlias, nos cafés, ao almoço, nos locais de trabalho, nos transportes públicos, nas redes sociais, em família, em todas as estradas e tribunas da vida registamos um acabrunhado sentir, uma tristeza e amargura, uma revolta interior, uma sede de mudança.
É um epifenómeno normal, decorrente duma castração progressiva de ideais, de um sentir fugir a felicidade, de um cinzentismo galopante, de uma profunda sensação de vergonha do passado, humilhação e insegurança no presente e de enorme descrença no futuro.
Verifico, com alguma surpresa, que, apesar das mais díspares consciências cívicas e formações pessoais; apesar de todos nós termos necessariamente opiniões politicas diversas, opções de intervenção variadas e argumentos nem sempre convergentes, cresceu e se regista, não obstante, neste momento uma sintonia na vontade de quebrar amarras.
E sente-se, afinal, uma abrangência enorme nas pessoas em relação a muitos pressupostos fundamentais - os da iniquidade que repudiam; da humilhação que não aceitam e da mudança que desejam. Todos começamos a sentir e ter consciência de que é urgente uma intervenção cívica de grande alcance expressão e dignidade.
Chegamos ao fim da linha da tolerância e da paz social, fundada no eterno discurso do “sacrifício” sempre para os mesmos. Sobretudo por não vermos exemplos que nos cheguem de cima, nem da gestão catastrófica do Estado.
A Europa, não menos tremida nos seus alicerces sócio-económicos, rege os destinos e desígnios do nosso país.
Podíamos estar a discutir hoje com entusiasmo a Educação, o Progresso, a Investigação, a Arte, a Cultura, a Ciência e o avanço tecnológico e social. Em contrapartida, descobrimos temas que, ontem ainda, pouco julgaríamos possíveis, como a incerteza da Segurança social, o agravamento das reformas, o descalabro do PIB, o problema do deficit, a dívida pública ou as classificações ditatoriais das agências de rating internacionais.
Todos sentimos no quadro relativo dos valores e pressupostos que nos oferecem no actual menu de oferta pública politica, o cansaço de um bafio ideológico, impregnado de velhos salitres, com protagonistas sempre repetidos, e sem vontade nem energia para mudar, autistas perante o sentir popular, acomodados em lugares bem pagos, circulando em redoma fechada, acumulando assessorias diversas e quantas vezes com sombras de corrupção e menos clareza no seu enriquecimento.
Raros surgimentos avulsos de algum inegável valor e grande generosidade, por falta de corpo, de organização e de sequência, logo são ultrapassados pelo regresso à nomenclatura sempre dos mesmos, ou dos alternadamente mesmos.
Apetece muitas vezes soprar um novo halo de energia e generosidade. Com causas colectivas muito simples - pelo mérito, pela Ecologia, pela competência, pela requalificação do Ensino, contra os salários faraónicos dos gestores nas empresas do Estado, pela probidade dos homens públicos, pela Cultura em todas as suas vertentes, pelos desafios da modernidade, contra a corrupção. Por um pais orientado para o conhecimento e o futuro.
Numa palavra, por um novo Portugal, independente e orgulhoso de sua História, mais fraterno e solidário, reorganizado na Justiça, vocacionado para a responsabilidade, exigente na Educação, sem abusos bancários, nem de justiça fiscal; um país de paz e com gosto de viver.
Revejo-me num país sem tacanhez politica, com critérios claros e definidos das prioridades, com controlo orçamental das despesas públicas, sem luvas nas compras, sem redecoração sumptuosa de gabinetes e sobretudo com uma mentalidade de serviço nos titulares de cargos públicos. Sem reformas assombrosas, nem salários blindados; sem reconduções duvidosas, nem promoções por convites; sem nepotismos em circuito fechado, nem processos de averiguações sempre eternos e inconclusivos.
Revejo-me num outro orgulho português, que não aceita as receitas europeias de forma acéfala e as filtra pelo gosto e pela sensibilidade de uma lógica de um país com novecentos anos de viagens, valor e sobrevivência.
Revejo-me sem nacionalismos doentios, mas sem medo da palavra Pátria. E sem medo de consubstanciar a revolta surda que todos sentimos em acção cívica, aceitando discutir caminhos para a clarificação das águas, dentro dos parâmetros da democracia participada, mas com o direito à indignação. Com direito ao sentimento de cansaço e a fazer todas as perguntas que se impõem, perante tão fracos artistas que nos oferecem diariamente tão triste espectáculo de si mesmos.
Artistas da palavra vã, da promessa eterna, da circulação de cargos e da rotação de privilégios. Gentes que, de alternativa em alternativa, nos vão prometendo sempre diferença, mas que nada mudam, nada transformam e tudo empobrecem.
Convido, pois, todos os homens e mulheres de bem, crentes ou não numa filosofia politica, desde que se revejam neste cansaço e nesta fome de outro viver, para que dêem corpo a uma força cívica de grande expressão, independente e generosa, franca e aberta, abrangente mas unida, que nos devolva a dignidade e o gosto de viver em Portugal.
Vamos pensar Portugal. Este que temos apodreceu e parou.
Queremos outro. Gritemos.
Viver aqui tem que poder ser MUITO MAIS que isto que nos estão a dar.
É urgente reunir forças e fabricar uma nova esperança.
O GRITO é preciso.

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Luz - Veneza, 1971

Fotografias de António Barreto- APPh

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Um sítio único, uma cidade única... Marco Pólo, nos seus relatos ao Grande Khan, não ousava descrever Veneza... Dizia ele que ficava acima de tudo o que se dissesse... (Italo Calvino). E tinha razão. É dos raros locais no mundo onde, ao chegar pela primeira vez, não se tem qualquer desilusão e fica para além de todas as expectativas. Quando se lá volta, é ainda melhor. Esta fotografia é tirada a bordo de um “vaporetto”, a meio caminho entre o Lido e Veneza.

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29.1.11

Em defesa das avós

Por Alice Vieira

DEI COMIGO há dias a assistir a um programa, destinado ao público feminino, onde se fazia, mais uma vez, a recorrente afirmação de que não há melhor infantário nem escola infantil do que a casa dos avós.

Confesso que acho estranho que, num tempo em que as avós são cada vez mais novas, e cada vez mais activas, não se ergam vozes feministas a contrariar essa peregrina ideia de avó-fada-do-lar.
Parece que ser mulher, com todos os seus direitos, e no pleno gozo das suas capacidades, tem prazo de validade. (...)

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Apontamentos de Lisboa

Um grande entre pequenos e um pequeno entre grandes.
Os prédios de cima têm a frente para a Av. da República e as traseiras para a R. de Entrecampos. Os de baixo têm a frente para a R. de Entrecampos e as traseiras para a Av. da República.

Lisboa tem de ir ao dentista

Por Antunes Ferreira

LISBOA precisa de ir ao dentista; está cariada por tudo o que é sítio. É uma boca desgraçada com uma dentadura desdentada. A odontologia é como o algodão: não engana. Já lhe implantaram duas pontes, mas precisa de uma terceira. Só que não há euros; e os que vai havendo são cada vez mais caros e raros. A sabedoria popular não é de meios-termos: quem não tem dinheiro, não tem vícios. A capital não tem dinheiro, mas tem vícios. E cáries.

E qual é o objecto destas mal alinhavadas linhas? Trata-se da saga dos prédios tristes. Logo no início de quem sobre a Domingos Sequeira, a caminho da Ferreira Borges, entrando em Campo de Ourique, à direita há um exemplar incontornável do propósito que me anima, no caso presente, me desanima. É o fantasma vivo do que foi o Cinema Paris. (...)

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28.1.11

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Aliança velha

Por João Paulo Guerra

A POLÍTICA portuguesa, tão entrevada de criatividade, serve-se na modalidade de pescadinha de rabo na boca. Isto é: as mesmas ideias ou a falta delas, os mesmos projectos, o mesmo arsénico e as mesmas rendas velhas saem de cena por uma porta e entram por outra, numa marcação de récita amadora sem a mínima imaginação nem originalidade. Agora, a direita volta a querer uma nova Aliança Democrática, isto é, uma Aliança velha.

Passou há poucos dias a efeméride: 24 de Janeiro, ano de 1983, o Presidente da República dissolveu o Parlamento. A instabilidade na Aliança Democrática levou o general Ramalho Eanes a recorrer à bomba atómica. Projecto ligado à máquina há 28 anos, a AD tem sido objecto de várias tentativas de reanimação, todas elas goradas. Até já houve um projecto AD que morreu afogado num prato de sopa fria. Mas, volta e meia, lá volta.

Mais uma vez, a proposta parte do CDS-PP e visa a modalidade de coligação pré-eleitoral. O CDS sabe que futuras eleições, penalizando o PS, registarão concentração de voto útil no PSD. E lá se esvazia outra vez o balão, provavelmente volta à praça o partido do táxi, a que poderia com propriedade chamar-se CDS-Popó. Então, o melhor será que o CDS-PP entre directamente para o poder na "bolsa marsupial" do PSD, como dizia o outro, o que evitará uma desagradável surpresa na contagem de votos e uma posição demasiado subalterna na repartição das pastas. À boleia do PSD será mais fácil o PP voltar à pasta dos submarinos e blindados.

Mas o PSD, tal como o CDS aliás, também não é parvo nem nasceu ontem. De maneira que em relação à proposta do CDS-PP, para já "ninguém respondeu", como dizia o saudoso Raul Solnado, sempre tão actual e a propósito na comédia política portuguesa.
«DE» de 28 Jan 11

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E se não desculparmos?

Por João Duque

PORTUGAL está assim. A organização do acto eleitoral fica manchado pela incapacidade dos sistemas electrónicos funcionarem adequadamente em momento da exigência.

O planeamento desta actividade falhou. A execução da mesma foi gravemente desadequada. Não houve maneira de resolver o assunto nem forma de o mitigar. Tratou-se de um assunto menor, trivial? Não. A base da Democracia é o voto e o sistema eleitoral. Por isso, há delegados dos organismos internacionais às eleições dos países emergentes. Em qualquer país da Europa o ministro tinha pedido a demissão. Em qualquer ditadurazeca o ministro tinha sido posto no olho da rua. Em Portugal pede-se desculpa. (...)

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Pergunta de algibeira

O FACTO de este ano acabar em "11", permite que haja datas (ou mesmo conjuntos data-hora) "engraçadas", como 11-11-11, etc. Nos últimos dias, recebi muitos mails a chamar a atenção para aquilo que parece ser uma coincidência a juntar a essas:
«Pegue nos últimos 2 dígitos do ano em que nasceu, some a idade que você vai ter este ano, e será igual a 111 para todos! Alguém explica isso?»

Pois bem; uma explicação simples está indicada em "comentário".

27.1.11

Cozido de entrecosto com grelos de nabo

Por A. M. Galopim de Carvalho

COZIDO
de entrecosto com grelos de nabo foi a especialidade com que o Tristão, um viseense e dono de uma pequena tasca do bairro, nos quis obsequiar, a mim e a mais dois amigos, no dia em que fez vinte e cinco anos de casado.


- Foi um quarto de século de trabalho quase sem descanso, ela na cozinha e eu atrás do balcão e a servir às mesas. - Dizia, feliz da vida, enquanto nos punha os talheres ao lado dos pratos de “Cavalinho”, da antiga fábrica de Sacavém.

- Embora pequena, esta casa dá muito trabalho. - Disse eu, num tom de quem aprecia o bom serviço que este simpático casal presta à sua habitual clientela. (...)
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Fantasmas

Por João Paulo Guerra

SEMPRE QUE ESTÁ para haver uma eleição, os “responsáveis” garantem ao povo que os fantasmas foram definitivamente enterrados nos cadernos eleitorais. Mas também sempre, após a eleição, alguém descobre que os mesmos ou outros fantasmas continuam a povoar o recenseamento. E assim vai esta espécie de democracia em Portugal: sob o espectro dos fantasmas.

Escrevi sobre este mesmo assunto em Março de 2004: estavam recenseados 580 mil eleitores-fantasma. Insisti em Janeiro de 2006: havia 600 mil fantasmas. Retomei o assunto em Abril de 2007: haveria nos cadernos eleitorais cerca de 800 mil "eleitores-fantasma". Voltei a escrever em Setembro de 2009: os fantasmas andavam já perto de um milhão. Agora, segundo o Correio da Manhã, os fantasmas subiram para 1,25 milhões. A democracia portuguesa é assim o único universo em que os fantasmas crescem e se reproduzem.

Não há governo que não chame os caça-fantasmas para varrer os cadernos eleitorais. Mas eles voltam. Aqui é que se sentem bem, entre saudosos do meio século em que não houve eleições e mais de cinco milhões de abstencionistas.

Antes mesmo de promessas de novas e mais impiedosas limpezas dos cadernos eleitorais, os "responsáveis" comentaram para o povo que descontando os fantasmas a abstenção não é tão elevada como se diz por aí: 53,3 por cento. Mas quem é que lhes garante que os fantasmas se contam entre os abstencionistas? Ninguém, como diria o Romeiro apontando com o bordão para o retrato de D. João de Portugal.

Em eleição anterior, um eleitor confessou que votou em duas assembleias por conta do cartão de eleitor. Com a barafunda instalada domingo passado, quem pode garantir que alguns fantasmas não tenham exercido o direito de voto que a fantasmagórica democracia portuguesa lhes dá?
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«DE» de 27 Jan 11

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Tunísia – Caminho da democracia ou cemitério da laicidade ?

Por C. Barroco Esperança

AS MANIFESTAÇÕES que conduziram ao fim da ditadura de Ben Ali, na Tunísia, lançaram o Magrebe em convulsões cujo desfecho é imprevisível. Derrubada a cleptocracia familiar de um déspota, com regozijo genuíno das populações, fica-se entre a esperança de uma democracia e o temor da teocracia.

Argélia, Marrocos, Mauritânia e Líbia não estão imunes nem indiferentes ao destino da Tunísia, o mais secularizado dos países do Magrebe, apesar da dificuldade de os países de influência islâmica fazerem o percurso para a democracia. Esta experiência já afecta o Egipto, onde a polícia do Cairo dispersou nesta última terça-feira uma manifestação contra o regime de Hosni Mubarak, usando gases lacrimogéneos e jactos de água. (...)

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26.1.11

Caixões nunca se tiram da cartola

Por Ferreira Fernandes

TIVEMOS um caso recente, e muito raro, de sucesso. Não seria útil saber como ele aconteceu? Refiro-me, claro, à campanha de José Manuel Coelho. Não falo do resultado - quase 200 mil votos para um completo desconhecido - mas da própria campanha.
1) Ter uma boa ideia fisgada e vendê-la só a ela, não dispersando. Coelho agarrou-se à corrupção, adivinhando um dos motores da indignação dos portugueses, e denunciou-a com a preocupação de não ser vesgo: do PS ao PSD, passando pelo CDS e o PR, nenhum dos que são reconhecidos como exercendo algum poder foi poupado.
2) Para passar a sua ideia, Coelho nunca gritou - lembrem-se da entrevista que deu a uma agressiva Judite de Sousa e ele, neófito com as câmaras, sempre calmo e assertivo.
3) Quem tem tempo tão curto para se dar a conhecer ao País, tem de inventar uma forma de agarrar pelos ombros a atenção dos portugueses. A forma de Coelho foi o humor (de casaco branco, passeia-se com uma coelha negra e quando lhe perguntam porquê, julgando-se que ela era o seu símbolo, ele engrena um discurso sobre a polémica Praia da Coelha, levando água ao seu moinho).
Ideiazinhas simples, qualquer empresa de comunicação envolvia-as em papel de celofane e vendia-as caro. Tendo-as Coelho dado grátis, e já com provas dadas, como é que as escolas privadas cometem o suicídio de defender a sua causa pondo crianças a passear caixões?!
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«DN» de 26 Jan 11

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Não teria sido possível afixar estes trabalhos escolares sem erros?

Eleições presidenciais de 2011 - O Nó Cego

Por António Barreto

O PRESIDENTE
eleito não vai ter surpresas. Já sabe que país tem e o estado em que se encontra. O governo e os partidos também não. Sabem o que têm e o que fizeram. E sobretudo o que adiaram. Surpresas, a breve prazo, talvez as tenham os cidadãos. O nó cego na vida política portuguesa e o impasse na actividade económica e na situação financeira exigem acção. Depois de cinco anos de adiamento e de agravamento, após quase dois anos de suspensão e azedume, já não é mais possível fazer de conta, protestar de modo impotente ou olhar para o lado. O que se segue a esta eleição de calendário não é previsível. Grande remodelação? Coligação tardia? Demissão do governo? Dissolução do Parlamento? Iniciativa presidencial? Novas eleições? Novos pacotes de austeridade? Chegada do FMI e do Fundo Europeu? Nova intervenção política da Alemanha e da União Europeia? Tudo pode acontecer. Os dirigentes políticos nacionais já quase não são mestres da sua decisão. As grandes instituições nacionais parecem cercadas e incapazes. Tal como estiveram desde as últimas eleições legislativas, há quase ano e meio, à espera de umas presidenciais ineficazes. (...)

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Como a CML trata as passadeiras da cidade
Como a CML trata as passadeiras da cidade
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A PROPÓSITO do post de hoje de MJR, aqui se mostra o estado de duas passadeiras, ambas aos cuidados de uma CML. Num dos casos, o 'L' é de Lisboa; no outro, é de Lagos.

Minorias

Por João Paulo Guerra

A DIRECÇÃO do PS deve entender o “socialismo” como a defesa das minorias. E assim, havendo um conflito quanto a novas regras no preço dos despedimentos, entre sindicatos, que representam os interesses de milhões de trabalhadores, e patrões, que constituem uns milhares de empresários, o Governo do PS entrou em cena para desempatar a favor da minoria, isto é, dos patrões. Os despedimentos passam a ser mais baratos para quem despede. Fica ainda pendente a questão de saber quem financia o fundo das indemnizações. A proposta do Governo PS diz que são os patrões. Mas como os patrões protestaram de imediato, é bem provável que o Governo do PS volte a desempatar a favor da minoria.

E foi governando assim que o PS passou de uma maioria absoluta em 2005 a uma maioria relativa em 2009 e em 2011 a uma minoria drástica. Governando assim não por qualquer questão de pragmatismo, mas porque dentro do PS a maioria está ao "centro", isto é, confunde-se com o PSD, do qual se distingue apenas em termos de clientela. Foi a maioria do PS que escolheu a liderança de Sócrates, com o seu lastro JSD, escorraçando Ferro Rodrigues, primeiro, e derrotando depois Manuel Alegre no Congresso. Foi por isso que o PS actual teve que criar os rótulos de "esquerda" e "socialismo" modernos, para se distinguir da verdadeira esquerda e do verdadeiro socialismo, isto é, o sector e o programa político do social.

A política do Governo do PS antecipava a iminência de um desastre eleitoral. O PS pensa que se aguenta no balanço remetendo esse desastre para as presidenciais. O que até lhe convém porque esta derrota nas presidenciais vai servir para varrer definitivamente a minoria que resta no PS com pensamento social. Agora, venham os despedimentos baratos.
«DE» de 26 Jan 11

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Costa Troca Tintas

Por Manuel João RamosQUAL Mancha Negra, António Costa tudo tem feito para que os peões da cidade de Lisboa o vejam como o chefe dos vilões que ameaçam a sua integridade e a tranquilidade.

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25.1.11

Os Ben Ali e os Ali Babás

Por Joaquim Letria

NESTES últimos tempos, diverti-me mais com o Presidente Ben Ali, da Tunísia, do que com os nossos tristes candidatos à sorte de presidir aos destinos da gruta do Ali Babá.

Ergo-me e fico em sentido perante a dignidade e a coragem do povo tunisino, na rua, a dizer “basta” e a enfrentar os projécteis dos seus “democratas” em fuga. E curvo-me diante da dignidade dos antigos dignitários dos diferentes quadrantes da política tunisina, do Presidente Bourguiba para cá, porque em vez de baterem palmas à roubalheira, como nós vemos por cá haver quem faça, resolveram reunir-se e estudar soluções para os problemas da Tunísia. (...)

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O voto da terceira idade

Por Antunes Ferreira

A SENHORA Dona Olívia Berta Alves de Noronha Lopes Pereira é viúva, tem 91 anos, usa bengala, está lucidíssima e… foi votar. Vota sempre. É goesa e é minha tia, o que me deixa mais do que babado, babadíssimo. Elucido: é tia da minha mulher, a Raquel, pois é irmã da minha falecida sogra, mas também é minha; por afinidade? Não senhores, por adopção mútua. O que me faz muito feliz, podem crer. E, sem falsas modéstias nem rebuço, creio que a ela também. (...)
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24.1.11

E de Alegre se fez triste a leda madrugada

Por Pedro Barroso

E POR MAIS cinco anos, crispado Silva viverá seu esgar altivo de glória financeira mal explicada... eleito por 1/4 dos eleitores nacionais!
Percebesteis? Vamos lá a ver. Então eu explico melhor o que sinto.

A democracia vale pela expressão do voto. Claro. Que, por sua vez, reflecte um sentimento perante a conjuntura actual e a sensibilidade popular aos candidatos, suas propostas, ideias e as eventuais mudanças que signifiquem.

Nesta conjuntura, apesar das acusações que ficam por explicar – e todos aguardamos que isso aconteça...- Cavaco é legitimamente eleito, sem espinhas. Nem outra coisa eu esperava, sinceramente.
Mas as pessoas que não saíram a voto são metade dos portugueses. E trezentas mil ainda votaram branco ou nulo.

Não gosto de abstenção, nem me revejo nela; tal como duvido da eficácia politica do voto branco ou nulo.
Mas sinto que isso significa o descrédito duma classe politica que tem os mesmos protagonistas há quase 40 anos. Um cansaço. (...)

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Esquerda desfeita, direita satisfeita!

Por Alfredo Barroso

HÁ, HOJE, uma diferença fundamental, cada vez mais evidente, entre a Direita e a Esquerda: enquanto a Direita identifica sempre sem qualquer dificuldade os seus interesses comuns, pondo de lado as suas divergências, a Esquerda identifica sempre com toda a facilidade as suas divergências, ignorando os seus interesses comuns.

Desde Blair e o «New Labour», e de Schröder e o «Novo Centro», a esquerda social-democrata europeia aderiu aos princípios e métodos do neoliberalismo, em nome da globalização – e deixou de pensar em verdadeiras alternativas políticas, económicas e sociais consistentes e credíveis. Em suma: deitou pela borda fora os princípios básicos da social-democracia genuína, esbatendo quase por completo as diferenças que a separavam da direita.

Em Portugal, a degradação, decadência e deliquescência dessa esquerda social-democrata, representada pelo PS, começou com Guterres e consolidou-se com Sócrates. Claro que a culpa não é só do PS. Mas o socialismo democrático já não vai além da mera retórica.

E agora foi mesmo um ar que lhe deu! Esquerda desfeita, Direita satisfeita!

É cada vez mais evidente que a Esquerda, no seu conjunto, vai ter de armazenar muita água para a longa travessia do deserto que tem pela frente… Como os camelos!

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Luz - Santuário de Nossa Senhora do Cabo Espichel, 1978

Fotografias de António Barreto- APPh

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Vista geral do santuário. É um dos sítios mais maravilhosos de Portugal. Difícil fazer lá qualquer coisa que permita um uso contemporâneo ou uma “requalificação”. Os acessos não são fáceis. Não há praias nem “apoios de praia”que chamem os turistas. Os ventos podem ser medonhos. As encostas e as falésias desencorajam os mais aventureiros. Mas talvez todas essas dificuldades tenham sido razão suficiente para afugentar os mercadores, os modernizadores e outros patos bravos... Pena é que parece estarmos condenados a um dilema fatal: ou ruína ou selvajaria moderna!
A primeira ermida data do século XIV. A igreja foi construída no século XVII. De cada lado da igreja, há duas enormes construções de hospedaria para os peregrinos. Com excepção da igreja, reparada há poucos anos, todo o conjunto está em mau estado. Paredes caídas, azulejos vandalizados, aqueduto parcialmente demolido, “casa de água degradada”... É a nossa sina!

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Ontem resolveu-se dúvida importante

Por Ferreira Fernandes

A TRADIÇÃO cumpriu-se: quem estava em Belém ganhou à 1.ª volta. Nada que os partidos não soubessem, eles que nas eleições de repetição de um Presidente apresentam sempre candidatos de segunda. Ou não apresentam candidato nenhum: em 1991, Cavaco Silva, então líder do PSD, deu apoio tácito a Soares.
Ontem, pois, a reeleição esperada de Cavaco, com uma vitória que não pode ser beliscada pela abstenção recorde (cabia a quem lhe dava luta, dá-la, e não o fez). A dúvida que havia para estas presidenciais situava-se num plano menor. Manuel Alegre, um franco-atirador do Partido Socialista que se apresentara à revelia do partido em 2006, voltou a fazê-lo em 2011. Com a soberba de patrão do milhão de votos então ganho, permitiu-se uma manobra nestas presidenciais: aceitou o apoio do Bloco de Esquerda, encostando o seu partido, o PS, à parede. Este, se não apoiasse Alegre, corria o risco de ter um candidato com menos votos que o do BE. Então, tivemos o PS a apoiar quem já era candidato de um partido que ainda não decidiu se deixou de ser revolucionário, o que é muito diferente de um candidato socialista arrastar, entre outros, um partido com dúvidas existenciais.
Era o PS misturável com este BE? - essa, a dúvida destas presidenciais. Uma boa votação de Alegre (e, sobretudo, uma 2.ª volta) alimentaria essa via. O esfarelar do famigerado milhão de votos repudiou essa ideia.
«DN» de 24 Jan 11

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O velho e o novo

Por A.M. Galopim de Carvalho

EM NOSSA casa conservamos e olhamos com saudade os velhos utensílios. Temo-los guardado e não os vamos esquecer. Estão neles parte importante das nossas raízes. O velho kodak de fole, as “máquinas” de moer café e de picar a carne (de dar à manivela), o elegante fogareiro Hipólito e o candeeiro com chaminé de vidro, ambos a petróleo, as peneiras de seda de malha finíssima usadas nos purés, o tradicional almofariz de latão e o de madeira, ou gral, como ainda se diz e usa nos campos do Alentejo, o fervedor do leite, o ferro de engomar aquecido a carvão e um sem número de “monos” deram lugar a outras gerações de equipamentos. Tais velharias fazem parte daquele “minimuseu” que acabámos por ter em casa, neste acumular contínuo de anos e de coisas herdadas de pais e avós, a que vamos juntando as nossas – a telefonia a válvulas, a caneta com aparo para molhar no tinteiro, a ardósia ou “pedra” onde escrevemos as primeiras letras, a garrafa do pirolito, a câmara de filmar super-8, a máquina de escrever Underwood, posta de lado com a chegada do computador, peças que são agora as raízes próximas dos nossos filhos.

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23.1.11

Simplex

Por Helena Matos

O PORTAL do MAI para se saber onde se vota está em baixo.
O serviço de sms não funciona.
O n.º do MAI para estes casos não atende.
Existem secções de voto com filas de duas horas para se saber o n.º de eleitor.
As secções de voto estão a mandar as pessoas para as juntas de freguesia onde novas filas as esperam.
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NOTA (CMR): a imagem é a que costumo afixar aqui quando o tema é «O estado da informática do Estado»: um bando de miúdos a brincar com coisas sérias, perante a perplexidade do cidadão comum, que lhes paga as garotices. Neste caso, o "N" (de Netscape...) talvez queira dizer "Não votarás!"

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Um acesso... de negligência

A FOTO de cima mostra um aspecto da entrada da Escola do Bairro de S. Miguel, em Lisboa. Está assim há anos.
A de baixo, tirada esta manhã no mesmo estabelecimento de ensino, não precisa de legenda.

22.1.11

A propósito do «dia de reflexão»

Aqui se deixa, novamente, um velho problema de Física.
Actualização: a resposta certa já foi dada, como se pode ver [aqui].

O irreflectido dia de reflexão

Por Ferreira Fernandes

NO DIA de reflexão, os portugueses vêem-se ao espelho, reflectidos: inventores de costumes tolos. Como este sábado de reflexão. Hoje, se vos tenho de dar cavaco, logo tenho de acautelar: "Salvo seja..." Se me descrevo "acordei alegre", tenho de acrescentar: "Nada a ver, claro." Não fossem vocês, e a Comissão Nacional de Eleições, pensar que eu estava falar com maiúsculas. Reflexão, pois, cada um de vós como aqueles macaquinhos de mãos tapando olhos e ouvidos. E eu fazendo do macaquinho com as mãos a tapar a boca.
Texto integral [aqui]

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Já que andam a brincar...

A CRER no que se vê n' «O Turista» (em duas cenas, protagonizadas pela Angelina Jolie e pelo Johnny Deep), a polícia italiana (pelo menos a de Veneza) utiliza algemas semelhantes àquelas com que, recentemente, uns outros turistas cobriram de ridículo as autoridades portuguesas: abrem-se com um simples clip.

Pois bem; como o país está em maré de economias (*), talvez ainda se possa poupar mais: as algemas que a imagem mostra (e que se compram em lojas de brinquedos) não precisam de chave nem sequer de clip: o 'preso' solta a mão direita com um dedo da esquerda, e vice-versa.

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(*) - Poupando tostões como se fossem milhões, ao mesmo tempo que gasta milhões como se fossem tostões.

Abertura fácil

Por Antunes Ferreira

HÁ ALGEMAS em Portugal que são como os pacotes de Tetra Pak: com abertura fácil. Não se sabe ao certo se são muitas ou são poucas. Mal pareceria, num País em que não se pode acreditar em sondagens (pelo menos no entender de muitos candidatos ao que quer que seja), em que não se pode acreditar nos dados do Instituto Nacional de Estatística, em que não se pode acreditar nas previsões meteorológicas, que se soubesse a quantidade delas. Em tempo: e, ainda, em que se não pode acreditar no Governo, uma cambada de mentirosos a começar pelo chefe.
Diz-se por aí que as algemas distribuídas às forças de segurança são tão fraquinhas que há agentes que compram das fiáveis com a bolsa própria. (...)
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Alguém viu e quer comentar este filme do Woody Allen, acabado de estrear?

21.1.11

Escolhas

Por João Paulo Guerra

VOLTO ao estudo de opinião sobre “As escolhas dos portugueses”, na véspera do dia de reflexão para as eleições presidenciais, para destacar indicadores de peso para as escolhas e a participação dos portugueses na vida colectiva.

Dizem os dados apurados no inquérito que, por um lado, os portugueses se mostram mal informados sobre a actual situação do país. Por outro lado, quase metade dos inquiridos afirmam ter pouco interesse na política nacional e na política local. Mas nem sempre foi assim.

A democracia portuguesa teve uma fase criativa, participada e festiva, marcada embora por alguns excessos, como seria inevitável ao cabo de meio século de ditadura. E não falo apenas na original dinâmica de intervenção na vida pública que então se gerou. Falo também nos aspectos formais da democracia. Nas primeiras eleições, para a Assembleia Constituinte, a abstenção andou na casa dos 8 por cento. Nas primeiras legislativas foi da ordem dos 15 por cento e nas primeiras presidenciais andou já perto dos 25 por cento. Entretanto, a pretexto de combater os excessos, o poder instituído cuidou de conter o entusiasmo e a participação populares nas baias de uma democracia representativa. O que aconteceu, a partir daí, é que os eleitores passaram cada vez mais a não se verem representados nos eleitos. E os eleitos sentem-se perfeitamente confortáveis chegando ao poder através do voto de cada vez menos eleitores. Nas eleições mais recentes, a abstenção atingiu a ordem dos 40 por cento e já passou os 60 por cento nas europeias de 1994.

A frustração por políticas seguidas ao arrepio dos compromissos eleitorais é a razão mais corrente para o aumento da abstenção. É disso que a casta política gosta: governantes distantes para governados desinteressados.
«DE» de 21 Jan 11

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20.1.11

Antes

Por João Paulo Guerra

ORA AÍ ESTÁ o grande e decisivo contributo da classe política para a confiança dos portugueses na democracia e nas instituições democráticas: 9 em cada 10 portugueses - ou, pelo menos, da amostra de 1002 portugueses ouvidos para um estudo de opinião - dizem desconfiar ou confiar muito pouco na classe política, nos Governos e nos partidos políticos, 8 em cada 10 desconfiam da Assembleia da República e 7 em cada 10 não confiam nos tribunais nem na administração pública. Pior é impossível: a prática dos políticos que temos, e que têm exercido a política numa forma de alternância parecida com uma dança das cadeiras, tem virado os portugueses contra a democracia. E é assim que 46 por cento dos portugueses consideram que as actuais condições económicas e sociais são piores do que antes do 25 de Abril.

O 25 de Abril tem as costas largas. O simples mas decisivo facto de ter abolido a censura permite que se critique o "depois" torna discutível qualquer avaliação do "antes". É que antes os portugueses sabiam da missa menos que a metade, com a realidade silenciada pela censura. Também não havia protestos nem greves e manifestações que dão mais visibilidade à situação social e económica. Mas só um cego daqueles que não querem ver pode considerar que "antes" - com guerra, repressão, censura, miséria, trabalho infantil, gente descalça nas ruas, mais de um décimo da população fugida ao país, meio país sem água canalizada nem luz eléctrica - era melhor que "depois".

"Antes", Portugal era governado em ditadura. Hoje mandam os velhos ou novos interesses, por intermédio de uma burocracia partidária desqualificada, salvo excepções que se contam pelos dedos da mão. Apesar de tudo, Portugal mudou para melhor. E os portugueses até são livres de negar essa evidência.
«DE» de 20 Jan 11

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Não há MESMO nada a fazer...

Lisboa - Rua Oliveira Martins
É COSTUME dizer-se que «mesmo uma grande caminhada começa com um 1.º passo». No caso que a imagem documenta, vejam-se os "passos seguintes" [AQUI].
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Actualização: a foto seguinte, acabadinha de tirar, é do "Local B" dos "Prémios António Costa" e documenta a destruição "fresquinha" (esta manhã mesmo) de mais um pilarete.
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E se os responsáveis por isto (os que fazem mais os que deixam fazer) fossem para o grande raio que os parta?

Cavaco – Um trajecto de vida

Por C. Barroco Esperança

UM JOVEM que não tem pudor em revelar à PIDE, de motu proprio, a animosidade para com a mulher do sogro, que aceita bem a ditadura, e que, às duas testemunhas pedidas para atestar o seu comportamento, acrescenta outra, da União Nacional, revela que se conduz pelos caminhos vulgares de quem trata da vidinha. É a norma, não a excepção.

É a essa luz que deve ser vista a concessão de uma pensão por serviços prestados à Pátria, a dois pides, enquanto a negava a Salgueiro Maia, quando foi primeiro-ministro. É a essa incultura cívica que deve ser atribuída a indiferença perante o acto de censura perpetrado pelo seu sub-secretário de Estado, Sousa Lara, a um livro de Saramago. (...)
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19.1.11

Apontamentos de uma cidade caótica e desumana

ESTA foto, tirada no passado dia 7 à porta da minha casa, é a última de uma sequência de seis que vale a pena ver [aqui].

Desabafo: de vez em quando, fala-se no nome de António Costa para suceder a José Sócrates. Tendo em conta exemplos bem concretos como este (que é, sem qualquer exagero, o paradigma do estacionamento na capital), a ideia de um dia o ter à frente do país é, pelo menos para mim, simplesmente aterradora! Chiça!

Suíça

Por João Paulo Guerra

NÃO SEI se Julian Assange anda à procura de alguma modalidade de suicídio assistido. Mas o anúncio prévio de que, dentro de duas semanas, o Wikileaks vai divulgar informação bancária secreta ilegal de dois mil clientes, recolhida por um ex-funcionário de um banco suíço nas ilhas Caimão, deve estar a perturbar muita gente por todo o mundo.

O dinheiro das economias subterrâneas, o dinheiro em fuga aos impostos, o dinheiro sujo de negócios sujíssimos é mais do que o Mundo precisaria para erradicar a fome e a ignorância. Mas basta ler "Um traidor dos nossos", o mais recente livro de John Le Carré, cujas obras de ficção têm sempre um imenso fundo de verdade, para se vislumbrar quão misteriosos e labirínticos são os circuitos da lavagem de dinheiro. Há triliões provenientes dos mais obscuros tráficos a bom recato nas contas ‘offshore'. Mas o que Carré nos insinua no mais recente livro, e que muito provavelmente corresponde à realidade, é que a fronteira entre o dinheiro sujo e limpo está praticamente abolida em certos patamares do poder. E que as fortunas a bom recato - das crises, das oscilações dos mercados, das revoluções, das leis - dão imenso conforto a ditadores corruptos e a ‘gangsters' para que sigam descansados as suas vidinhas.

O anúncio de Assange terá causado alguns tremores até mesmo em Portugal. Já lá vão os tempos em que exportar divisas à candonga era um negócio chorudo. Agora é o tempo dos rendimentos não declarados, lucros resultantes das somas de constantes "prejuízos" e de fundos perdidos, milhões postos a salvo de percalços... e do Fisco, dinheiro de origem inexplicável. Este continua a ser o país onde a pista do dinheiro dos casos de corrupção acaba invariavelmente à porta de uma conta ‘offshore'. Duas semanas. Talvez haja surpresas.
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«DE» de 19 Jan 11

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A caixa de Pandora

Por Baptista-Bastos

"A ESQUERDA a que Manuel Alegre pertence é saudosista e já não existe", disse Maria José Nogueira Pinto, no programa de Mário Crespo, transmitido na segunda-feira, p. p., na SIC Notícias. Uma frase que se releva de uma ambiguidade premeditada. Maria José Nogueira Pinto é uma mulher lida, informada e inteligente, e sabe muito bem que a direita vive em função da esquerda. Ou seja: uma devolve-se à outra, como um reflexo, por vezes deformado, que arrasta o seu contrário.
A esquerda vai acertando os combates consoante as próprias exigências históricas. Mas o inimigo, com outras máscaras e diferentes processos de maneio, é sempre o mesmo: o capitalismo, agora amenamente chamado "o mercado". Há um argumento circular que pode esclarecer e justificar o equívoco entre o conceito de esquerda e a prática, há anos exercida, pelo PS. O PS sobrenada na sua peculiar sobrevivência e, infelizmente, tem revelado uma surpreendente tendência para se esvaziar de ideologia e de idealismo. (...)

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18.1.11

Opereta

Por João Paulo Guerra

MAIS UMA Guerra do Solnado neste país de opereta. O folhetim dos submarinos já fez a República, o Estado, os governos meterem água suficiente para afogar a credibilidade e a própria sanidade mental do país. Águas turvas, aliás, de um negócio que começou na segunda metade dos anos 90 com a decisão de comprar três submarinos novos para a Armada, que afinal passaram a dois mudando o concurso, e o concorrente com a melhor oferta, de um consórcio francês para um alemão.

Entretanto, o Ministério Público de Munique terá identificado "mais de uma dúzia de contratos suspeitos" para influenciar a decisão final através de subornos. Der Spiegel, escreveu então que um cônsul honorário de Portugal terá recebido um suborno de milhões para ajudar a concretizar a compra de dois submarinos pelo Estado português no valor de 880 milhões de euros. Mais tarde, o Ministério Público acusou dez gestores (três alemães e sete portugueses) de burla qualificada e falsificação de documentos no âmbito do contrato de contrapartidas dos submarinos. Entretanto, entrou no enredo uma suspeita de luvas. E por fim foram chegando os submarinos, baptizados por Portugal, embora em estaleiros alemães, de Tridente e Arpão.

Mas faltava a todo este entrecho um toque genuinamente português, aquela marca que caracteriza um país com a marca indelével, o cunho que o caracteriza e distingue do comum dos países. Ela aí está: "O submarino Tridente, que custou a Portugal 500 milhões de euros e chegou há quatro meses, está em terra na Base Naval do Alfeite para reparação do revestimento, que se mostrou demasiado frágil perante as águas do Atlântico". Ou, como dizia o saudoso, sempre presente e actual Raul Solnado: "Bem, o submarino, a cor não é feia. Mas não flutua..."
«DE» de 18 Jan 11

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Apontamentos de Lisboa

ESTE delicioso recanto das avenidas novas (junto à esquina da Av. Sacadura Cabral com a finíssima Av. de Roma) começou por ser referido, há cerca de um ano, por causa da estranha caixa metálica - como se pode ver [aqui].
Já recentemente, voltou a aparecer devido ao banco de madeira vandalizado - como se pode ver [aqui].
Agora, juntaram-lhe um sofá. Fizeram muito bem. Além de melhorar a simetria, sempre dá outra dignidade ao local.

As escolas e os números

Por Nuno Crato

NA ÚLTIMA semana assistiu-se em Lisboa a uma série de encontros sobre educação que tinham uma singularidade: quantificavam os problemas. Pode ser estranho que esse facto seja sublinhado. Mas os debates, as análises e as reflexões sobre educação são frequentemente tão manchados pelo facciosismo e pela ideologia, e têm sido tão descritivos e especulativos, que usar números para analisar o ensino é, infelizmente, uma raridade que merece ser destacada. (...)
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17.1.11

Apontamentos de uma cidade sem uma gota de auto-estima

Lisboa - I. S. da moderníssima estação Roma-Areeiro, da Refer

Uma velha furunfunfelha

Por Ferreira Fernandes

A HISTÓRIA foi contada no DN, curta e com gente. Própria de jornal, porque não se perdia pelos grandes temas da humanidade mas ia direito a uma mulher. E desta não se lhe contou a vida mas um mero episódio. À mulher disseram "não", o que ocasionou uma consequência tão extraordinária, ela morreu desse não, que fez daquelas poucas linhas uma boa história de jornal. Daquelas linhas que justificam esta profissão, que se faz rara, de contar histórias todos os dias.
Então, foi assim: era uma vez uma velha furunfunfelha, triunfunfelha, misericuntelha (e eu continuaria assim, se ainda soubéssemos ouvir lengalengas), uma sem-abrigo lisboeta que foi dormir ao Centro de Acolhimento (bela palavra, vem, não sei se do aramaico, sânscrito ou quimbundo, e quer dizer abrir os braços ao outro) de Xabregas, onde lhe deram cama e um armário com cadeado. No dia seguinte, ela saiu do centro e devia entregar a chave do cadeado, tal como o regulamento diz ser obrigatório. Mas talvez a velha já fosse muito velha ou demasiado sem-abrigo ou, talvez, soubesse aramaico, sânscrito ou quimbundo e confiasse - não entregou. Nessa noite, ao voltar, ela soube que o regulamento dizia que não podia entrar. Não entregou a chave, não entra - tão simples. Dormiu na rua e morreu disso - tão complicado.
Pronto, foram essas linhas do DN, ontem. Evidentemente, vou continuar a seguir esta história. Ou não?
«DN» de 17 Jan 11

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COMENTÁRIOS de Alfredo Barroso a este interessante livro da autoria de André Freire e António Costa Pinto podem ser lidos [aqui].

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Nevoeiro

Por João Paulo Guerra

“Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
define com perfil e ser
este fulgor baço da terra
que é Portugal a entristecer,
brilho sem luz e sem arder,
como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!"

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AS MANHÃS de nevoeiro que se abateram sobre parte de Portugal nos últimos dias são propícias a que se evoquem profecias e se alimentem ânsias como a do regresso de D. Sebastião. (...)
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Vulcanismo, expressão visível do calor interno da Terra

Por A.M. Galopim de Carvalho

AS ERUPÇÕES vulcânicas e as suas consequências, por vezes dramáticas, que, frequentemente, fazem as primeiras páginas dos jornais e dos noticiários da rádio e da TV, chamam a nossa atenção para este espectacular fenómeno geológico expressão visível do calor interno do nosso planeta. Caso particular do magmatismo, o vulcanismo consiste na transferência de calor e de material rochoso total ou parcialmente fundido, do interior para a superfície da Terra. Nesta transferência, há ainda libertação de outros componentes, com destaque para o vapor de água e o dióxido de carbono. (...)
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16.1.11

«Dito & Feito»

Por José António Lima

COMPARADA com a original candidatura de 2005, insubmissa e contra a corrente, esta reincidência presidencial de Manuel Alegre apareceu como um remake sem grande imaginação, tolhido pelos compromissos das amarras partidárias e enredado nas insanáveis contradições político-ideológicas entre os seus dois alicerces oficiais, o PS e o Bloco de Esquerda.
E se o caminho presidencial já era estreito e apertado, a crise em que o país mergulhou, os PEC uns atrás dos outros e as medidas de austeridade do Governo tornaram a campanha de Alegre virtualmente impossível. O candidato ficou sem linha de orientação, hipotecou a coerência do discurso, abandonou qualquer estratégia. Apoia a greve geral? Nem sim, nem não. Votaria o OE para 2011? Nem a favor, nem contra. Concorda com o corte de salários dos funcionários públicos? Não, mas eram talvez inevitáveis. E com a redução das pensões e apoios sociais? Há o Estado Social, mas também há a necessidade do Governo... (...)
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Luz - Quinta de Valbom, Douro, 1975

Fotografias de António Barreto- APPh

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Quando ainda se usavam estes “cestos vindimos”, com cerca de 60 a 70 quilos de uvas. Às vezes, aqueles homens faziam por dia, desta maneira, dezenas de quilómetros a subir ou descer encostas. Os cestos faziam parte do “típico” duriense, cantado e elogiado por escritores e turistas, que quase sempre esqueciam a dureza daquele trabalho. Hoje, felizmente, estão praticamente desaparecidos. Caixas de 20 a 25 quilos e outros contentores, além dos tractores e das camionetas, fazem esse trabalho.

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Broadway forever ou, em subtítulo, a histeria do saca-rolhas

Por Pedro Barroso

JÁ POSTEI algures esta ideia anteriormente, mas neste momento não resisto a clamar o que sinto.
Independentemente dos géneros, linguagens e afectos próprios, dois jornalistas - ambos Carlos de seu nome, por coincidência - nos deixaram para sempre.
Choca-me o imenso relevo de notícia dado ao caso escabroso e extremo, com todos os pormenores, em pretérito do esquecimento de uma vida de brilho e esforço pela cultura.
Carlos Pinto Coelho, meu irmão sem glória, tiveste o enterro discreto, sem tubas nem cornetins, apenas com as palavras dos que te foram amigos e sempre te admiraram.
Não sei o que move agora tanto os abutres da notícia, senão o sórdido, a violência, os detalhes cuidadosos da agressão.
Mas sei que as exéquias televisivas e revisteiras sobre o Carlos Castro chocam-me por excesso continuado.
A cultura da atracção, ao que parece, vence, e de longe, a atracção pela Cultura.
Lamento por um país distorcido nos valores, sinceramente.
Está visto. O insólito, bombástico, escabroso e chocante, isso sim, cativa atenção e vende noticia.
Nem o país falido. Nem eleições. Nem os Bancos, nem FMI.
Nem uma vida inteira a lutar pela elevação e dignidade, pela Arte e pela Estética do viver, pelos valores mais altos do homem e da Cultura.
Nada disso se sobrepõe ao escândalo de comadres carpideiras numa fraca jornada de propaganda turística ao nosso país e seus costumes.
Carlos Pinto Coelho, ficas a saber que tudo o que fizeste numa vida inteira é, afinal, desprezível, prescreve em duas semanas e revela-se, no fundo, pouco importante.
Estamos ao nível do saca-rolhas. Do fado de faca-e-alguidar.

Fui muito mais próximo e, posso dizer, amigo íntimo do Carlos Pinto Coelho.
Doeu muito a sua partida e vai fazer-me falta ainda e por muito tempo, todos os dias.
Mas, neste momento, a minha memória vai para ambos.
E sinto revolta em nome da justeza de valores e do pudor.
E sinto revolta em nome da decência na informação.
Acabem com a tourada.
O folclore de escárnio, opiniões de pacotilha, detalhes escabrosos e a inusitada sobrerelevância de todo o episódio ocorrido, já cheira a peça da Broadway de terceira categoria, adaptada pelo jornal o crime lá do sítio.
E pelo que conheci dele, das tantas vezes que falamos, e também em nome da sua própria paz e dignidade, suponho que até a ele próprio, Carlos Castro, mesmo sendo um homem do social, desagradaria toda esta prolongada histeria sem sentido.

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15.1.11

Alguém viu e quer comentar?

E o Magrebe aqui mais perto

Por Ferreira Fernandes

MAGREBE em árabe quer dizer "Ocidente" e isto não é uma aula de etimologia - quer dizer que o Magrebe (a região onde fica a Tunísia) é aqui mesmo ao lado. A geografia não muda, foi sempre assim. Mas a política muda: ontem, o Presidente tunisino, Ben Ali, ditador durante 23 anos, fugiu. E isso como que tornou a vizinhança do Magrebe com a Europa não só mais próxima como mais perigosa. Quando a Europa ocupava o que pensava ser do seu interesse, a França colonizou ou fez protectorado esse Magrebe: Tunísia, Argélia e Marrocos. (...)

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Vale a pena fazer o que aqui se sugere, pois o prémio sai sempre!
(Anúncio no Público desta semana)

Em tempo de guerras

Por Antunes Ferreira

RAIO DE PAÍS este que nos caiu em sorte. Há piores, pois há. Mas, com o mal dos outros podemos nós bem, diz o povo com carradas de razão. Em termos comparativos, há que reconhecer que não somos o exemplo do descalabro que outros são, mas lá que andamos muito próximo dele, isso andamos.
No decurso da batalha de Inglaterra, Winston Churchill, respondendo aos trabalhistas sobre a gravidade dos bombardeamentos que a Luftwafe fazia sobre as cidades britânicas, afirmou que também a Royal Air Force, em retaliação, despejava milhares de quilos de explosivos nas urbes alemãs. Clement Atlee, o líder da oposição replicou então que o mal dos outros não evitava o mal dos ingleses. Ou seja, uma espécie de déjà vu ou vira-o-disco-e-toca-o-mesmo. (...)
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14.1.11

Na morte de Vítor Alves

Por Alice Vieira

ESTAVA em Viseu, quando um SMS me avisou: “Morreu o Vítor Alves”.
Infelizmente era uma notícia daquelas que se esperam — mas que, no fundo, nunca se esperam. Porque todos os nossos amigos são eternos e, quando descobrimos que não são, temos muita dificuldade em acreditar.
Vítor Alves pertencia àquele grupo de homens a quem devemos viver hoje em liberdade e em democracia. Para as gerações mais novas, isto parece um dado tão adquirido que nem lhes passa pela cabeça que alguma vez pudesse ter sido doutra maneira.
Mas foi. Durante muitos anos. (...)
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Promiscuidade

Por João Paulo Guerra

TENHO na minha sobrelotada estante, nas prateleiras ocupadas com obras sobre o Portugal que passou à história, um pequeno opúsculo da autoria do dr. Raul Rego, “Os políticos e o poder económico”, com data de 1969, no qual o velho republicano, socialista e ‘maçon’ recenseia e desanca a promiscuidade no trânsito entre as cadeiras do poder e os cadeirões dos conselhos de administração.
O impresso do dr. Rego diz respeito aos últimos anos do auto-denominado Estado Novo, também chamado fascismo. (...)
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13.1.11

Duas boas sugestões


O PROF. Galopim brinda-nos hoje com mais uma boa sugestão culinária (Ovos mexidos com agriões), no seguimento de outra, também a não perder (Amêijoas com cogumelos).

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Safámo-nos! (por enquanto…)

Por João Duque

O LEILÃO DE ONTEM promovido pela república portuguesa acabou com um final feliz. Não tanto em termos de taxa de custo do dinheiro, mas mais em termos de procura insatisfeita.I sto mesmo depois de ontem terem sido reveladas as estimativas do Banco de Portugal (BdP) sobre a evolução da economia portuguesa para 2011 e 2012.
E, nessas previsões, o que muda face às últimas que foram libertadas sobre Portugal, isto é, as do Governo? (...)
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Previsão

Por João Paulo Guerra

DESDE a crónica de 1 de Outubro passado, a respeito do PEC III, que escrevo nesta coluna que a austeridade, tal como é pensada e posta em prática pelo Governo, arrastará inevitavelmente o país para a recessão económica, com todas as suas consequências.
E nem sequer estou a gabar-me de qualquer modalidade de presciência. A crónica de 1 de Outubro citava o vaticínio da Ernst & Young sobre o perigo de nova recessão, considerando errado que "a solução em que o Estado pensa sistematicamente" seja a de pedir aos contribuintes que "paguem as suas ineficiências". (...)
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Estas duas notícias são daquelas que, isoladamente, já nos fazem pensar; mas, lidas em conjunto...

O Papa, a blasfémia e a laicidade

Por C. Barroco Esperança

BENTO XVI condenou as perseguições e crimes sectários cometidos contra os cristãos no Egipto e no Iraque e «a lei contra a blasfémia» do Paquistão. Quem aceita tal desvario? Só a demência sectária de uma crença pode levar à chacina de quem reza outras orações ou tem sobre a carne de porco e o álcool uma visão diferente.
O ódio religioso, destilado pelos livros ditos sagrados, é uma sobrevivência das tribos que inventaram deus como explicação por defeito para tudo o que ignoravam, para dar coesão social, combater os medos e sonhar uma vida para além da morte.
É surpreendente que as guerras religiosas que se agravam em África, entre muçulmanos e cristãos evangélicos mereçam tão pouca atenção da comunicação social europeia, que as limpezas étnicas e religiosas que ocorrem em várias partes do globo mereçam menos atenção do que qualquer acidente aéreo. (...)
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12.1.11

Éramos todos tão novos...

Por Baptista-Bastos

VÍTOR ALVES foi embora deixando a pátria numa situação que ele não desejava. Gostava muito deste homem sereno, culto, generoso, cordial a afável, que jogara, no regueirão de todos os perigos, a sorte pessoal e o desígnio colectivo. Ele e outros como ele são credores da minha maior gratidão. Ele e outros como ele resgataram os silêncios impostos e os medos compulsivos da minha geração e os das anteriores. O risco que Vítor Alves correu foi soberano entre os demais: o da vida, o da carreira, o da família.

Os jovens capitães de Abril possuem uma dimensão de coragem adveniente da espessura comovente do seu humanismo. Há qualquer coisa de épico e de poético na arrancada militar desse dia tão longínquo, tão próximo e tão delido no tempo e no esquecimento dos nossos desleixos. (...)
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