... e o civismo a 100%
Lê-se nos jormais de hoje que Jorge Sampaio anda na estrada e vai assistir a uma aula teórica.
Mas devia também assistir a uma aula prática. Ora veja-se:
Em tempos que já lá vão, houve um instrutor e um examinador que me deram como "apto para conduzir " - mesmo um Ferrari, se o apanhasse à mão. No entanto, eu nunca tinha guiado de noite, nem com chuva, nem com nevoeiro... nem a mais de 40 à hora.
E, segundo há pouco foi divulgado, hoje em dia as aulas são dadas como há 50 anos, e os 21 parques que foram feitos para ensinar a conduzir como deve ser... estão parados!!
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Há algum tempo fui até Espanha de carro.
Estava com algum receio, pois ia fazer uma viagem grande e não conhecia estradas nem hábitos de condução. Procurei informar-me: «Tenha cuidado!» rezava, com candura inesperada, o texto de um guia turístico. «Os espanhóis guiam muito mal!».
E foi assim que, com o coração nas mãos, corri esse país de Norte a Sul. Mas, para minha máxima surpresa (acreditem ou não), ao fim de oito dias e 1500 km por montes, vales, aldeias e cidades, ainda não tinha visto um único acidente!
«Não pode ser!» - pensava eu de regresso a Portugal e à vista de Badajoz - «Nem um gajo estampado?!».
Pois foi nessa altura que vi o que já parecia já impossível:
Um carro de rodas para o ar, acabadinho de capotar! Parei e corri para ele. Esperava-me uma das maiores surpresas da minha vida:
Saindo de lá de dentro, um pouco tonto mas ileso, o meu vizinho e amigo Manuel de Sousa, que fora nesse dia a Badajoz comprar caramelos e encher o depósito!
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«Diário Digital» de 2 Maio 2005.
Adaptação de um texto enviado para o Expresso em 1998 (e ainda actual!)
2 Comments:
Deliciosa descrição, caro Medina Ribeiro. Não para o seu amigo, certamente.(sorriso)
Quanto ao presidente Sampaio, parece que se fez à estrada, e, em escassas dezenas de quilómetros - tantas as que medeiam entre Lisboa e Santarém -, viu tantas irregularidades que decidiu tomar posição sobre a matéria (camuflagem da GNR).
Longe vão os dias em que se limitava a dar comendas. Deixo-lhe aqui uns versos que fiz na altura:
O Grão – Mestre
Já Sampaio aparelha, acolhedor,
Com rútila cruz de colar pendente,
Um novo aspirante a comendador,
P’los altos feitos do nobre valent.
Perto,Guterres louva com fervor,
mas alguém ao lado diz quase silente
Que são já novecentos os senhores
Que Jorge elevou a comendadores.
Ao medalhar o Nobel camarada,
Cedeu a Saramago o Grão Colar
Da Ordem de Sant’Iago e Espada,
Que só a reis e presidentes deve honrar.
Desobrigou-se bem de tal maçada,
Dizendo que a Lei teria que mudar.
Nesse dia, já cansado e ofegante
Faixou dezenas de Ordens do Infante.
Chovem cruzes, oficiais, cavaleiros
E Ordens de Cristo, Avis, Torre-e-Espada,
P’ra militares, políticos, banqueiros,
Dos quais pouco se ouviu falar ou nada.
Agora, dos lusos são os primeiros,
E ostentam na peitaça engalanada
Brilhantes símbolos de heróicos feitos,
E são aclamados, saem satisfeitos.
Por serem mais as comendas que os feitos,
Negou João Soares tal distinção;
Tengarrinha abdicou de iguais preitos,
E Jorge Silva ao outro Jorge disse não,
Por estar banalizada nos efeitos
Tão elevada mercê da Nação.
Mas se crescerem assim os negadores,
Como viveremos sem comendadores?
– É a vida! – diz Jorge – paciência!
Também Mário abusou de tais favores
E ninguém negou benevolência.
Continuarei sempre a dar louvores
Enquanto estiver na presidência,
E fá-lo-ei com todos os rigores.
Esta simples regra de igualdade,
Mais que justa, brota da liberdade.
Abraço,
Pedro Couto
Parabéns, caríssimo!
Poesia de Cinco Estrelas!!
Um abraço
do
CMR
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