29.1.07

TLEBS matemáticas

Sebastião e Silva
NUMA AULA DE MATEMÁTICA para estudantes recém-chegados à Universidade nenhum dos jovens presentes sabia o que queria dizer a palavra «biunívoco». Trata-se simplesmente da correspondência um a um. Assim, por exemplo, entre casais constituídos de acordo com a lei portuguesa há uma correspondência biunívoca: a cada marido corresponde uma e uma só mulher e a cada mulher corresponde um e só um marido. Em vários países islâmicos, por exemplo, não se passa dessa forma. O termo é importante em matemática. Como é possível que estudantes que durante doze anos tiveram essa disciplina não o reconheçam? Na mesma aula, perguntados se conheciam as palavras «injectivo» e «bijectivo», os estudantes afirmaram que sim, embora muitos não as soubessem definir. São esses os termos usados em muitos manuais de matemática e que muitos professores preferem, por serem mais precisos. Mas outros dizem serem exemplos de exageros terminológicos que se propagaram nos anos 1980, depois de ter falecido Sebastião e Silva, o grande investigador e pedagogo que orientou entre nós a modernização do ensino da matemática. No manual que então escreveu adoptava o termo «biunívoco» e referia «outras maneiras de dizer» (1, 1, IV-7). Em matemática, como em linguística, a precisão terminológica é necessária. Mas sempre que possível é melhor usar termos comuns. O rigor académico não sofre com isso — ao contrário do que parecem pensar os promotores dos exageros terminológicos gramaticais conhecidos como TLEBS —, e ajuda-se os estudantes a aplicar o que aprendem. Não conhecer o sentido de biunívoco é tão grave em matemática como na vida.
Adaptado do «Expresso»

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não conhever o sentido de biunívoco não pode ser considerado "grave". Aliás, não é. Quem souber utilizar correctamente a palavra "bijectivo" fica muito bem servido. Claro que se conhecer as duas melhor ainda. E se conhecer uma (bem), até pode deduzir pelo contexto que a outra significa o mesmo. Mas dizer que é grave? Fossem os nossos problemas todos este...

30 de janeiro de 2007 às 09:27  

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