5.12.08

Medíocres e mediáticos

Por Alfredo Barroso
A SUBIDA AO PODER de políticos medíocres e mediáticos, durante os últimos quinze anos, é um problema comum à Europa e aos Estados Unidos, que atingiu com particular força Portugal. Até já exportámos um deles para fazer uma triste figura na União Europeia.
Trata-se de políticos ideologicamente descaracterizados e politicamente untados com a banha mediática (a antiga banha da cobra), cujo único objectivo é fazer carreira a todo o custo e aguentar no poder o tempo suficiente para consolidar contactos e cumplicidades de toda a espécie, tendo em vista «governarem-se» quando deixarem de ser Governo.
No plano internacional, os casos mais exemplares de oportunismo político compensados pelo poder económico com «tachos» de se lhes tirar o chapéu, são Tony Blair e Gerhard Schroeder, arautos da «Terceira Via» que pôs a social-democracia europeia de rastos. À direita, só o muitíssimo reaccionário José Maria Aznar consegue rivalizar com eles.
Por cá, como sabemos, só dão cartas os dois partidos que alternam no poder. E os casos mais mediáticos de oportunismo político, económico e social (a cultura não é para aqui chamada) são os dois mais famosos apparatchiks do «bloco central», que controlaram e manipularam os aparelhos do PS e do PSD e ocuparam cargos ministeriais estratégicos o tempo suficiente para consolidarem preciosas agendas de contactos e cumplicidades políticas cruciais que explicam hoje o seu papel de serventuários do poder económico.
A actual «orgia» da nacionalização dos prejuízos de bancos corruptos ou irresponsáveis, enquanto o povo grama as aflições da crise e a classe média desce aos infernos, dá bem a medida da falta de pudor dos que estão no poder. A ausência de alternativas credíveis dá-lhes a ilusão do poder absoluto. Com arrogância, continuam a desmantelar o Estado com reformas injustas e a fustigar os cidadãos com políticas brutais. Durante quanto tempo mais estes «Catilinas» medíocres e mediáticos abusarão da nossa paciência?!
NOTA: Esta e outras crónicas do autor estão também no seu blogue Traço Grosso.

Etiquetas:

2 Comments:

Blogger Jorge Oliveira said...

«políticos ideologicamente descaracterizados»

Nesse aspecto, ainda bem. Os que são ideologicamente caracterizados é que nos devem preocupar. Porque as ideologias e as religiões já mataram mais gente do que todas as epidemias juntas.

Mas isto não quer dizer que eu não concorde com o autor relativamente à pouca sorte que temos tido com os políticos medíocres e mediáticos que nos têm aparecido pela frente. Inclusivamente aquele que exportámos para a União Europeia. Esse então, não só estragou o país como o próprio partido, que ainda hoje anda à deriva. Os adversários até lhe deviam agradecer os bons ofícios.

Que um político não se encontre alinhado com nenhuma ideologia, além de ser bom sinal, não implica que se trate de um político medíocre. Desde que explique bem o que se propõe fazer acerca da coisa pública, nós logo vemos a sua qualidade. Porque tudo quanto possa dizer acerca da intrínseca bondade da sua ideologia, que por sinal é sempre muito humanista (como são todas, ou queriam que eles viessem dizer o contrário?) não interessa nem ao menino Jesus. É tudo paleio que já conhecemos de cor e salteado.

Recorde-se o beato Guterres com a sua ideologia de fazer chorar as pedras da calçada e aquela música de fundo muito bonita e veja-se o resultado que deu. Até teve que fugir antes de terminar o mandato.

5 de dezembro de 2008 às 18:26  
Blogger Heresias said...

Parabéns. Que alternativas? Que sugestões?

Zina Abreu

5 de dezembro de 2008 às 18:59  

Enviar um comentário

<< Home