21.3.13

Chefe, temos crise: a lei está esquisita

Por Ferreira Fernandes
PRONTO, o que era de esperar não se fez esperar. E como não temos problemas de maior (nem crise política, nem crise económica, nem crise financeira...) resolvemos inventar um problema de exegese. De interpretação de textos, como os xamãs fazem com ossos de pássaros ou folhas de chá. Oh igunga biribirim!, pode o Seara ir p'ra Lisboa ou não pode? Primeiro sinal: não pode. Mas, descansai, como não temos problemas de maior, haverá mais sinais. Uns xamãs dirão que sim, outros, que não. Até que os Grandes Feiticeiros do Constitucional nivelem as diversas inspirações. 
Cretinos! E não falo dos meritíssimos, mas dos cretinos a montante e cretinos a jusante dos textos mancos. Falo dos eleitos (palavra que deveria ser respeitada), já cuspidos na rua por qualquer borra-botas e implorando por mais vexames. Cretinos que não sabem fazer uma lei sim ou sopas. Se não sabem falar claro - e pelo que vê no Diário da República, não - contratem para assessora a dona Idalina, comerciante no Bolhão. Quando ela trata o cliente de "lindezas", este sabe que ela gosta dele; se ela lhe chama "badalhoco", ele sabe que não. A dona Idalina preza que as suas palavras façam lei. Ela não precisa de xamãs, simples ou constitucionalistas, para interpretarem o que lhe sai pela boca fora. Cretinos! Cretinos, os parlamentares que fazem leis balhelhas. Cretinos, os candidatos que, na ânsia de subirem de câmara, aceitam pôr-se nas mãos dos xamãs. 
«DN» de 20 Mar 13

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1 Comments:

Blogger José Batista said...

E vamos ver o que chamaremos aos juízes do tribunal constitucional, daqui por mais uns tempos.
Meritíssimos já eles são chamados, mesmo que alguns de nós, como é o meu caso, não percebam porquê.
Aposto em como eles vão deixar que o que a lei determina claramente não seja cumprido. Ora, o que está na lei está na lei. Como é possível que alguém duvide? Suponho que é apenas porque estamos habituados a que as nossas leis não valham nada, excepto se for para esmagar pessoas humildes.
E digo mais: se têm dúvidas, perguntem à dona Idalina, a tal comerciante no Bolhão.

21 de março de 2013 às 19:18  

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