Portugal Digital, etc. e tal...
COMO sucede de vez em quando, fui, esta semana, passar uns dias a uma aldeia da Beira-Baixa. Ora, até há uns anos, quando, por essas bandas, precisava de aceder à Internet, o melhor que eu tinha a fazer era não pensar nisso e filosofar que, desde sempre, a Humanidade passara muito bem sem ela.
No entanto, a certa altura, apareceram (e em boa hora!) os ciber-pontos em algumas estações dos CTT; a partir desse dia, eu só tinha de me meter no carro e andar 25 quilómetros para, munido de um cartão Net-Post, poder saborear as delícias do ciberespaço na Estação Central de Castelo Branco.
Mas o progresso não pára, pelo que, algum tempo passado, abriu um posto semelhante numa vila mais perto, a uma meia-dúzia de quilómetros de casa!
E, de facto, isso teria sido uma grande coisa se tivesse durado – mas pouco depois o ciber-ponto foi, pura e simplesmente, retirado!
E lá voltei eu à saudável rotina de percorrer os meus 50 quilómetros.
Até que um dia me deram a boa-nova:
Na biblioteca da mesma vila onde o ciber-ponto fora posto e depois retirado, havia agora uma outra ligação à Internet – e melhor ainda, pois era gratuita!
E foi assim que, anteontem, para lá corri... mas apenas para ficar a saber que a ligação estava fora de serviço e ninguém sabia quando seria reposta.
Sugeriram-me, no entanto, que fosse à Junta de Freguesia - e assim fiz.
Só que, embora a porta estivesse aberta, as luzes acesas e os computadores ligados... não havia lá ninguém! Absolutamente ninguém – e, quer eu quer outras pessoas que entretanto chegaram, teriam podido roubar tudo que ninguém daria por nada.
Ao fim de um bom quarto de hora viemos todos embora...
Por fim, fui a bater à porta de uma associação cultural onde, pagando, consegui fazer o que queria e onde me informaram que poderia voltar no dia seguinte.
Ontem, depois de saber que, na biblioteca, a ligação à Internet continuava indisponível, fui novamente à Junta de Freguesia. Aí, dessa vez, já havia gente, mas fui informado do mesmo: a ligação à Internet não funcionava (*).
Voltei, então, ao tal núcleo cultural onde estivera na véspera - e aí esperei, frente a uma porta encerrada, mais de meia-hora. Ninguém apareceu.
Agora, de volta à Civilização, vou ver se encontro o recorte de jornal (humorístico?) onde se pode ler que o Governo quer dar um endereço de e-mail a cada português.
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(*) À porta, um cartaz anuncia um curso de alfabetização de adultos, a quem dirige as seguintes palavras sábias: «Se não sabe ler (...)».
3 Comments:
Apesar do seu insucesso no acesso à net, em terras de Beira Baixa, há um pormenor(zinho) que é de assinalar, como extremamente positivo.
É que a porta da Junta de Freguesia ainda pode ficar aberta, sem se correr o risco de assalto.
Em Lisboa, tem net !
E a porta pode ficar aberta ?
abraço.
Há dias, referiu-se aqui uma outra estranha opção, a propósito da TVI:
O que será melhor:
Uma TV nacional má, ou uma TV espanhola boa?
Agora, temos uma questão parecida:
O que será melhor:
Uma Junta de Freguesia que não receia roubos mas que não funciona, ou uma que receia roubos mas funciona?
:-)
Não me parece inverosímil que todos os cidadãos venham a ter um endereço de e-mail. Resta é saber se algum dia o irão usar...
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