Futebol
Por António Barreto
IMAGINO QUE UM GRANDE NÚMERO de concidadãos tenha uma ideia clara sobre os problemas do futebol que ocuparam a crónica da semana. Terá ou não havido corrupção de árbitros? Houve coacção com ou sem resultados? Foram efectivamente pagas “luvas”, presentes” e “favores sexuais” e tiveram realmente consequências nos estádios? Houve ou não clubes beneficiados com estes gestos ilícitos? Há provas de actos e de tentativas de corrupção? Depois de ler jornais, ouvido rádio e visto televisão, percebi que quase toda a gente que se exprime sobre o assunto sabe exactamente o que se passou. Confesso que não tenho a mínima ideia. Reparo, todavia, que os campos estão divididos e extremados: conforme a origem, o local de residência, as preferências clubísticas e os círculos sociais, as pessoas dão ou retiram razão à Liga de Clubes, à Federação, aos clubes em concreto e a cada um dos dirigentes e árbitros. Os argumentos de uns e de outros são fortes, plausíveis e simétricos. As denúncias de interferências externas, como a política, os negócios, os clubes rivais e outros interesses merecem igualmente crédito. As acusações feitas a alguns dirigentes de clube, que se consideram intocáveis, são pesadas e credíveis. O argumento de que há perseguições, contra os clubes do Norte, por parte dos interesses de Lisboa, da Federação e da política, tem pés para andar. De qualquer maneira, se vier a demonstrar-se que as provas são sólidas e os castigos justos, podemos quase regozijar-nos com este feito histórico. Quase. Na verdade, o caso deixa gosto amargo. Os processos de justiça, como é habitual, demoraram anos. E, graças aos recursos e apelos, estão longe de acabar. Por outro lado, este vendaval punitivo sobre o futebol e sobre o Porto não esconde o facto de parecer haver várias justiças. Nem os clubes de Lisboa estão sob o mesmo escrutínio. Nem na política e nas actividades económicas se encontra semelhante severidade. O “Apito” dá resultados, mas o “Furacão” fica-se pela estratosfera. E algumas decisões políticas sobre os grandes concursos nem sequer foram examinadas.
O FUTEBOL CLUBE DO PORTO está a pagar. Começou, há vinte ou trinta anos, por ser um intruso. Apenas tolerado. Depois, transformou-se no clube dominante. O seu perene presidente teve os comportamentos que se lhe conhecem: inteligente, competente, autoritário, organizado, irascível e déspota. Como qualquer cacique político, assentou os pés em terreno sólido: apoio popular, estabilidade da sua organização, bons resultados e uma arrogância dominadora sem quebra. Sem esquecer uma intransigência absoluta e o uso de uma permanente retórica destinada a lembrar, todas as semanas, que o Porto e o seu clube têm inimigos. Ora, não é admissível que um clube da segunda cidade e do Norte provinciano exerça uma hegemonia quase sem falhas. Tarde ou cedo, o Porto haveria de pagar. Ainda por cima, o clube de futebol venceu onde a cidade e a região perderam. A seguir ao 25 de Abril, notou-se um acréscimo do poder político e económico do Porto. Dali vinham os empresários, os exportadores que garantiam a sobrevivência do país, os eleitores que permitiam que a democracia vingasse, a Igreja e a sua reserva moral, as tradições, os grandes caciques locais e as novas iniciativas económicas e empresariais. No Porto, nasciam bancos e grupos económicos. No Norte, trabalhava-se. No Norte, produzia-se. E no Norte cresceu a ideia de que àquela força era necessário acrescentar poder político. Durante uns anos, pareceu que era verdade. Depois, gradualmente, o Norte perdeu. O Porto perdeu. Menos o Futebol Clube do Porto, que ganhou. Até que ponto as vitórias do futebol toldaram o espírito dos seus dirigentes, permitindo-lhes acreditar na sua impunidade e na ideia de que tudo é permitido quando se ganha?
HÁ ALGUNS MESES, havia um programa que a RTP exibia fora de horas num dos canais de cabo. Creio que era na RTPN. Chamava-se “A Liga dos Últimos”. Para quem não viu, trata-se de um programa especial e insólito: segue e faz reportagem dos clubes de futebol das divisões inferiores e distritais. Em vez das glórias internacionais, das transferências de milhões de contos por jogador, das ligas europeias milionárias e das grandes querelas futebolísticas nacionais, tínhamos o “Portugal profundo” e o “verdadeiro povo” dos domingos. O “conceito” é simples: os pobres e os humildes também têm direito. O futebol não é apenas um desporto de ricos e milionários, de urbanos e classes médias, ou de gente bonita que faz as capas das revistas. Não. O futebol é também do povo. Por isso se mostra o povo. Campos de terra batida, jogadores com quarenta anos e barriga proeminente, clubes carregados de dívidas e destreza desportista mais ou menos nula. Jogos de nenhum interesse e de estética duvidosa. Os desafios desenrolam-se por entre enorme gritaria, piadas da plateia e berraria de toda a gente. Por esse programa passam clubes que nunca ganham um desafio, que estão em vésperas de desistir e que por vezes têm dificuldades em alinhar o número adequado de jogadores. Clubes que vão falir pois não têm dinheiro para pagar os balneários ou a electricidade. Clubes que pertencem à dona de um bar ou ao patrão de uma empresa de mudanças com duas camionetas. Não sei por que carga de água, o programa é hoje de “culto”. Os urbanos gostam e deliciam-se. Dizem-se ali boçalidades cruas. Toda a gente bebe cerveja a mais. Aquelas brincadeiras de bairro ou de aldeia aspiram agora ao momento de glória que lhes é trazido pelo facto de os novos dirigentes da RTP terem passado o programa para a RTP1, às 21.00 horas de sexta-feira. Pega directamente no telejornal, precede o concurso diário. Continuam as graçolas brejeiras de mau gosto. Os palavrões disfarçados. As ordinarices mais rascas. Reina o machismo mais soez que se pode imaginar. Muita gente é filmada deliberadamente para parecer “feia, porca e má”.
Poderia pensar-se que o programa faz parte da nova “grelha” da RTP, da sua estratégia e das suas novas concepções que preconizam uma televisão popular e divertida, em poucas palavras, uma “televisão para todos”, um “verdadeiro serviço público”. O que resulta é, além de paradoxal, confrangedor. Não apenas intelectualmente, mas sobretudo social e moralmente. É uma hora de autêntico desprezo social pelos aldeões, pelos provincianos, pelos pobres, pelos gordos, pelos mais velhos, pelos ignorantes e pelos analfabetos. Que, aliás, se oferecem em espectáculo de escárnio. É uma espécie de “racismo social”: coitados, tão estúpidos, mas praticam futebol! São tão puros! Tão autênticos!
Poderia pensar-se que o programa faz parte da nova “grelha” da RTP, da sua estratégia e das suas novas concepções que preconizam uma televisão popular e divertida, em poucas palavras, uma “televisão para todos”, um “verdadeiro serviço público”. O que resulta é, além de paradoxal, confrangedor. Não apenas intelectualmente, mas sobretudo social e moralmente. É uma hora de autêntico desprezo social pelos aldeões, pelos provincianos, pelos pobres, pelos gordos, pelos mais velhos, pelos ignorantes e pelos analfabetos. Que, aliás, se oferecem em espectáculo de escárnio. É uma espécie de “racismo social”: coitados, tão estúpidos, mas praticam futebol! São tão puros! Tão autênticos!
«Retrato da Semana» - «Público» de 11 Mai 08
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NOTA: O Sorumbático oferece um exemplar do livro policial «Morte no Estádio» [v. aqui] ao autor do melhor comentário que venha a ser feito a esta crónica até às 20h da próxima sexta-feira, dia 16 de Maio. Os que, entretanto, já foram afixados também serão considerados.
NOTA: O Sorumbático oferece um exemplar do livro policial «Morte no Estádio» [v. aqui] ao autor do melhor comentário que venha a ser feito a esta crónica até às 20h da próxima sexta-feira, dia 16 de Maio. Os que, entretanto, já foram afixados também serão considerados.
Actualização (19 e 23 Mai 08): ver resultado no comentário das 9h41m. O prémio já foi enviado.
Etiquetas: AMB
18 Comments:
O senhor percebe tanto de agricultura como de futebol!
O autor não tem, necessariamente, que "perceber de futebol" para escrever o que escreveu.
A.B. é um sociólogo, e o texto NÃO é um "crónica sobre futebol" no sentido que habitualmente se dá a essa expressão.
Pelo menos eu entendi-o como sendo sobre o fenómeno social associado ao futebol, em que os acontecimentos actuais são apenas um bom pretexto para uma reflexão desapaixonada e lúcida sobre um tema que afecta a sociedade muito mais do que deveria.
Repare-se que a crónica está cheia de "interrogações" subentendidas, propondo ao leitor que medite sobre elas, ultrapassando o espírito primário que há nos adeptos da bola.
Se é bem sucedido nessa intenção, é que eu duvido...
Pelo seu interesse, reproduz-se aqui o último 'ponto' da crónica «Dias Contados», publicada no «DN» de hoje:
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A REGIONALIZAÇÃO AO PONTAPÉ
Por razões que somente a psicanálise saberá explicar, passei o dia a ouvir as opiniões de "populares" acerca do "Apito Final". Nas estações de rádio e TV, a subtileza não vingou. Se o "popular" vivia abaixo de Coimbra, as sentenças eram uma lição ao "Norte". Se o "popular" vivia acima, as sentenças eram um ataque ao "Norte". Este intercâmbio colérico ostenta duas tendências comuns: a redução do "Norte" ao Porto e a redução do Porto ao futebol.
Não cabe aqui uma reflexão sobre a origem disto. Cabe notar que, em última instância e com o alegre acordo de muitos dos seus habitantes, o "Norte" confunde-se com as proezas do FCP e, logo, depende das decisões do sr. Pinto da Costa. A julgar pelas festividades que regularmente enchem a Avenida dos Aliados e os ecrãs dos televisores, acredito que ambas, proezas e decisões, sejam extraordinárias. Duvido que bastem para superar a tão debatida subalternização política e económica dessa metade do País. Por incrível que pareça, uma região convencida de que o progresso se obtém com gritinhos sazonais de "abaixo os lampiões!" não vai longe. Vai, no máximo, até ao estádio do Dragão, onde, na cabeça de alguns, está o seu lugar e o seu destino.
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Alberto Gonçalves, c.a.a.
Caro Carlos,
um aparte: o contador que tem instalado ao fundo da página está a abusar da confiança de quem o instalou para vender links (neste momento há um link para "part time nanny"), o que lhe poderá, em causa extrema, causar uma exclusão dos índices dos motores de busca.
/antónio dias
Webmaster,
Sim, já reparei nessa novidade desagradável, mas é só de vez em quando que isso sucede.
De qualquer forma, se a frequência se tornar insuportável, vou ter de o substuir.
Já em tempo, por causa dos pop-up's, tive de apagar outros dois site-meters.
Tem alguma sugestão?
A minha sugestão é para remover tal serviço. Se deseja um bom contador gratuito recomendo-lhe o statcounter.com (mais imediato) e o Google analytics (com maior profundidade de análise).
ps: peço desculpa, lá em cima deveria estar "António", e não Webmaster, como identificação.
"Ora, não é admissível que um clube da segunda cidade e do Norte provinciano exerça uma hegemonia quase sem falhas. Tarde ou cedo, o Porto haveria de pagar."
Acho esta afirmação infeliz. Presta-se a confusões, que a leitura do restante não permite desfazer.
António,
Muito grato pelas informações.
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Jorge Oliveira
De facto, a frase (que foi precisamente a que o BLASFÉMIAS destacou para citar o texto), presta-se a confusões, especialmente numa leitura apressada.
Fica-se com a ideia que o autor quis dizer que «a punição do FCP (à conta do que Pinto da Costa fez) foi injusta», no sentido de que «tinha de 'pagar' pelo sucesso que os outros não conseguiram em campo».
O FUTEBOL CLUBE DO PORTO está a pagar. Começou, há vinte ou trinta anos, por ser um intruso. Apenas tolerado. Depois, transformou-se no clube dominante.
Tarde ou cedo, o Porto haveria de pagar.
Para perceber asneiras,não é preciso ser intelectual,em par-time!
É difícil perceber onde entra a corrupção e onde está o mérito de Pinto da Costa. É de difícil percepção distinguir os erros por incompetência, dos árbitros, dos erros propositados.
Nesta crónica, é difícil distinguir onde está a análise habitualmente lúcida do António Barreto, da paixão de adepto, e por isso parcial.
Numa coisa tem razão: o futebol não deve ter o monopólio da corrupção. Fosse um agente de outra área, empresário ou político, a ser apanhado em escutas do mesmo teor, provas de pagamento de favores (viagens, dinheiro, sexo , etc.), indícios de ser mandante de agressões a jornalistas e vereadores, ser acompanhado, quando faz depoimentos em tribunal, por indiciados por homicídio (Bruno Pidá e outros) , haveria consenso generalizado e não esta espécie de guerrinha norte sul.
Sempre achei que as manifestações feitas pelos adeptos do FCP quando ganhavam um campeonato, representavam tudo o que mais degradante existe no desporto: o escárnio sobre os vencidos, apelos à piromania sobre os "mouros" e suas casas(ALfena fica perto de matosinhos...), piadas grotescas e tresloucadas, etc. Por isso, quando o meu clube ganhava eu ficava feliz por ele e nunca contra ninguem. Esse tipo de discurso bombardeado até à exaustão só poderia dar nisto: tudo vale à busca da glória.
Fico igualmente surpreendido que dignisssimos pensadores actuais do panorama intelectual português manifestem-se de modo tão primitivo perante este caso. Ao invés de se querer a limpeza, a honestidade, um novo começo para o futebol português, continuam a "martelar" na teoria da perseguição, nas compensações do passado, na casa do vizinho que é tão ou mais porca que a minha ( é melhor sermos todos sujos do que não haver limpeza me todos nós?). É por isso que esta análise decepcionou-me inteiramente. Continuam a persistir as mesmas desculpas, subterfugios para que se mantenha um status quo podre.
Espero bem que as coisas mudem, mesmo que continue a ganhar o mesmo, mas com todo o mérito, não com jogadas de bastidores verdadeiramente condenáveis.
Pinto da Costa representa uma corrente de opinião que continua (desnecessariamente) a querer acantonar (reduzir) o clube a um nível regional quando, em termos desportivos, é uma potência mundial por direito e mérito próprios.
Porquê, então, essa "ambição ao contrário"?
Pelo que eu conheço do Porto, há uma geração de pessoas que nunca soube ultrapassar um certo provincianismo. Mas o Porto já não é a "aldeia" de outros tempos (em que todos se conheciam!), mas sim uma metrópole cosmopolita.
Porquê, então, continuar a raciocinar, "à Jardim", em termos de "nós contra o mundo", numa manifestação inequívoca de complexos de inferioridade injustificada em pleno séc. XXI?
Não percebem que isso só os diminui?
Ou percebem, mas preferem assim?
Embora seja o mais racional possível na análise dos próprios afectos - e o clubístico é um deles - não posso deixar de pensar, e de sentir, que todos estes casos dos Apitos, são estranhamente direccionados, e tem sido a lei "entortada e arrevesada" para que alguns possam ser apanhados nas teias da lei (onde, admito, até devessem cair).
Como portista me confesso reproduzirei, com a devida vénia, as palavras de alguém conhecido nos meios bloguísticos, o Prof. António Balbino Caldeira, que creio não professar a minha cor clubística.
Retirado do blog Do Portugal Profundo:
- "O Mestre Ricardo Costa, presidente do Comissão Disciplinar da Liga de Futebol Profissional, assistente da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, esteve ontem, 9-5-2008, em grande destaque mediático, a propósito da publicação do acórdão sobre os efeitos desportivos do caso Apito Dourado, demonstrando a sua polivalência jurídico-desportiva e habilidade técnica na distinção das situações das sociedades anónimas desportivas (ver Comunicado oficial 211 da Comissão Disciplinar da Liga, datado de 9-5-2008). Parece que temos finalmente alguém capaz de preencher o vazio deixado no direito desportivo pelo dr. Adriano Afonso.
Não é coisa nova. Já nas suas aulas práticas de Teoria Geral do Direito Civil, no histórico anfiteatro, paredes meias com a Cabra, o dr. Ricardo Costa manifestava essa polivalência, no seu acento nortenho cerrado, temperando a aridez da matéria jurídica com a vivacidade da sua paixão clubística pelo Sport Lisboa e Benfica.".
Cumprimentos
Em tempo: O 'Sorumbático' oferece um exemplar do livro policial «Morte no Estádio» [v. aqui] ao autor do melhor comentário que venha a ser feito a esta crónica até às 20h da próxima sexta-feira, dia 16 de Maio. Os comentários que, entretanto, já foram afixados tembém serão considerados.
Este assunto do Apito Final (ou Dourado, já me perdi com os apitos), tem uma faceta curiosa que se relaciona com a culpabilidade ou não dos intervenientes e das penas que lhes foram aplicadas. O facto é que se existe culpa na acusação de corrupção, as penas parecem-me bastante leves. Um mínimo de cinco anos de suspensão (para não falar em irradiação total) seria, creio lógico. Não apenas para os dirigentes, mas também para os árbitros. Também a perda de títulos e despromoções me pareceria lógica. Foi o que sucedeu em Itália e a acusação de corrupção não ficou, nem de perto nem de longe, provada. Neste caso a suspeita também permanece. O facto de a corrupção parecer ter existido, em alguns casos, quando não era necessária, deixa a ideia de não ter existido ou, em alternativa, ser apenas a ponta de um icebergue de corrupção. Esta decisão deveria portanto ser um ponto de partida, não de chegada.
A lógica de afrontamento nestes anos todos de Pinto da Costa à frente do FC Porto faz sentido num aspecto: foi a estratégia que melhor conseguiu aglutinar os adeptos de um clube regional e reduzir a confrontação. Ao colocar o enfâse nos adversários externos, do "sistema", da "capital", Pinto da Costa desviou atenções de quaisquer contestações internas e garantiu que os esforços dos adeptos estavam orientados para a alteração do status quo. É uma lógica antiga de séculos e que continua a ser utilizada, por exemplo, na Venezuela. Com os anos, passou a ter outra vantagem: a fidelização dos novos adeptos conquistados com as novas vitórias. Talvez pudesse ser mudada mas, hoje, ao fim de mais duas décadas, não será Pinto da Costa a fazê-lo.
Não vejo a Liga dos Últimos (vivo na Holanda e não me dou ao trabalho de ver a programação regular da RTP mesmo pela internet), mas sempre pensei que fosse uma qualquer série cómica. Pela descrição, aparenta-se. Apenas leva o rótulo de real. Com essa descrição em mente, lembro-me do que se passa por estas paragens. As mesmas equipas regionais, amadoras e de fim de semana também existem. Os mesmos jogadores, de barriga, sem sentido estético ou capacidade física também dão os seus pontapés. As barrigas serão menores, talvez (existe uma maior cultura da actividade física), mas o jeito pouco se diferencia. A maior diferença consiste nas condições. Os clubes, aqui, são em geral ecléticos. Vivem bem com as receitas de publicidade, especialmente local, e com as contribuições dos praticantes. Também o voluntarismo dos habitantes ajuda. Os pavilhões, ao lado dos campos ao ar livre (de futebol, hóquei em campo, korffball, etc), possuem também um bar, o qual contribui para as receitas. É desta forma pssível ter campos relvados, pavilhões capazes de albergar alguns jogos ao mesmo tempo e balneários decentes. A Liga dos Últimos poderia existir também aqui, mas os campos não seriam, com toda a probabilidade pelados. Mesmo que continuassem a existir espectadores feios e de cerveja na mão (condição sine qua non por estes lados para se ver desporto).
Óh meu amigo, a RTP anda meio bolchevisada, fique a saber!!
Cá para mim, o comunismo começa nesses campos de terra batida, com as barriganas cheias de cerveja a dizerem ordinarices, com essa gaijada toda junta, práticamente sem classes sociais, onde tanto bota discurso o engenheiro como o cavador ou um filho de pai incógnito. O que esta gentalha precisava, sei eu...
Actualização (19 Mai 08/9h30m): a pessoa a quem foi pedido que fizesse de júri (para atribuição de um prémio ao melhor comentário) não tem estado contactável.
Assim, e para não atrasar mais a atribuição do prémio, pedi a outro amigo que fizesse essas funções, e a sua escolha recaiu em "JASL" pelo seu comentário das 12h55m de 12 Mai 08. Pede-se-lhe, pois, que escreva para sorumbatico@iol.pt indicando morada para envio do prémio.
Obrigado a todos!
Só agora me chegou às retinas este post de António Barreto... O excesso de habilitações e o total desfasamento da realidade estão geralmente na origem de artigos deste teor!... Irreflectidos elitistas e altivos!
Gostava de fazer chegar a carta que enviei para o Público, intitulada: "António Barreto ou o estranho caso de um sociólogo a contra-corrente do real" ao próprio António Barreto. Alguém pode ajudar-me?
Atenciosamente
César Monteiro
rcesarmonteiro@gmail.com
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