Os Ricos Portugueses São Pobres

Por Maria Filomena Mónica

HÁ TEMPOS quando, num programa de televisão, declarei que a maioria dos ricos portugueses era pobre, logo houve quem se insurgisse, imaginando, creio, estar eu a minar o conceito de luta de classes. Afinal, apenas constatava a evidência. Quando residi no estrangeiro, uma das primeiras coisas que me saltou à vista foi a forma austera como viviam os ricos que eu conhecia adentro de portas quando considerados ao lado dos seus parceiros europeus. E não era apenas por o salazarismo lhes impor decoro; o facto é que os milionários não abundavam. Nem abundam.

Hoje, tudo é global, o que torna as comparações mais fáceis. Basta consultar a lista publicada pela revista Forbes para se ver a míngua da nossa representação: Belmiro de Azevedo é o único nome que ali figura (em 350.º lugar), com uma fortuna avaliada em 2,2 biliões de dólares. Antes de conseguirem entrar no Panteão Internacional, os ricos nacionais têm um longo caminho a percorrer. O meu conselho é que sigam as pisadas do engenheiro: antes de fundarem um jornal, um gesto nobre, poupem em tudo, incluindo na compra de periódicos.

(Maio 2007)