A corrupção, sempre!
Por António Barreto
HÁ QUALQUER COISA no ar! Existe um mal-estar evidente. Não há dia que um novo facto, revelando comportamentos ilícitos de toda a espécie, não se acrescente a uma longa lista de casos aparentemente impunes ou não resolvidos. As leis parecem impotentes. Pensa-se que a justiça está paralisada. Julga-se que os investigadores nada descobrem. Nunca se consegue provar qualquer coisa. Os processos duram anos, até serem arquivados ou prescreverem. Quando há certezas, faltam as provas. Quando há provas, há circunstâncias atenuantes. Parece que os níveis morais da vida pública baixaram ou se dissolvem diante dos nossos olhos. Será exagero da opinião pública? Rumores urbanos em tempos de dificuldades? Sequelas de um ano eleitoral particularmente intenso? Consequências da crise financeira que revelou habilidades consideradas normais em ciclo de êxito dos negócios? Voracidade dos jornalistas em renhida competição? Campanhas de partidos, de agências de comunicação e de associações de interesses? Ou, simplesmente, a verdade? Que se passa realmente? De tudo um pouco. (...)
Texto integral [aqui]
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4 Comments:
Seja corrupção escondida,
seja corrupção visível,
temos uma cultura perdida
e de leitura incompreensível.
A forma é diversa
e as suas razões igualmente,
não passa de gente perversa
agindo ilegalmente.
O mexilhão trabalhador
esforçando-se honestamente,
repudia o incumpridor
que enriquece ilicitamente!
Sunday, March 29, 2009
UMA QUESTÃO DE CAVALOS
A corrupção, sempre! QUE FAZER? Creio que ninguém é capaz de responder. Só uma coisa se sabe: tudo começa na justiça. Mas, saber isso, com a justiça que temos, é o mesmo que nada.
Caro AB,
Não é a primeira vez que as suas fotografias me incitam a escrever algumas palavras acerca delas. Leio mais esta sequência e tudo nelas está enquadrado de forma irrepreensível, os tons são os adequados, a distância sufiente para se ressaltarem os pormenores relevantes. Contudo, à medida que lhe admirava a precisão e a perspicácia, ia-me pondo a questão recorrente que os seus textos me suscitam. Que fazer? Porque, assim como o doente atormentado com doença ruim, espera que o médico lhe dê uma esperança numa receita e nunca um desumano soco de um "não há nada a fazer", as suas radiografias sem receitas que possam alterar-lhe as fístulas fatais contribuem desumanamente para a nossa depressão e nem sequer para a nossa revolta.
Foi assim, destroçado com a evidência crua e negra das suas palavras, que saltei do antepenúltimo parágrafo para o derradeiro onde a minha ânsia de soluções se agarrou a aquele QUE FAZER? em letras capitais. E a minha desilusão, desculpe-me a franqueza, não podia ser maior, porque o seu remate é um soco no estômago de quem já estava contraído como um condenado mas ainda se agarrava a uma réstea de esperança, aquilo que parece ser a última coisa a morrer.
Se, segundo crê, não há quem saiba responder, que sentido fazem estas suas radiografias? Que propósito pode estar por detrás de um relatório de que se conhecem antecipadamente as conclusões se estas não permitem qualquer saída?
A meio da semana a senhora procuradora Cândida Almeida defendeu a criação do crime de enriquecimento ilícito, que permitiria à justiça dispor de mais uns cavalos para perseguir aqueles que têm cavalos a mais nos seus Maserati. Não valeria a pena discutir esta questão de cavalos?
Os sucessivos governos têm feito os possiveis para tornar a justiça morosa, dispendiosa e ineficaz.
No capítulo da corrupção o esforço é ainda maior e mais visível. Leis complexas, que obrigam a provas seguras e inabaláveis em casos destes, impossiveis de obter com os meios à disposição de quem tem que investigar.
Leis que defendem quem corrompe e é corrompido, porque as provas que se hão-de conseguir, serão sempre insuficientes ou ilegais.
Ferreira Torres, Felgueiras, Isaltinos e Pintos da Costa, continuam a ter na lei e na justiça, os seus melhores aliados.
Contra isto é que o povo português deveria sair à rua, exigir que os politicos tivessem a decência de legislar e dar os meios, para vencer este cancro há muito instalado na sociedade portuguesa.
Como é que a nossa "justiça" iliba um individuo como Avelino Ferreira Torres? Certamente vai ilibar também Isaltino Morais e os demais.
É triste.
Portugal é um paraíso para os criminosos.
Cumprimentos
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