Contas
Por João Paulo Guerra
OS PORTUGUESES, forçados a viver deitando contas à vida, são cada vez mais fracos a matemática. As negativas no 9.º ano bateram o recorde este ano: 60 por cento. Na aritmética da aflição, ou do endividamento, é que os portugueses devem ter um enorme traquejo. E senão, vejamos:
Nos tempos da Ditadura, quando os portugueses geriam a miséria de ordenados incertos em envelopes fechados, sem aumentos nem acrescentos de lei mas apenas por favor do patrão, o velho Botas ainda se lembrou de criar um imposto extra para a custear os imensos gastos da guerra colonial. Depois do 25 de Abril, com salário mínimo, aumentos salariais, novos direitos, foi o fogacho breve da Revolução. E logo chegaram o FMI e a austeridade. Primeiro estava no governo o PS, depois o Bloco Central, do PS e PSD, e lá veio por duas vezes o FMI apertar os furos dos cintos. Em 1983, como agora, o receituário do FMI e do Governo acrescentou um extra ao IRS.
Seguidamente, os portugueses deitaram contas, a ver passar os milhões da Europa, desfilando por redes de auto-estradas não se sabe em todos os casos para onde. E depois de uma breve folga, lá voltou o aperto de contas, quando Durão Barroso, pouco antes de fugir a sete pés, descobriu que o «pântano» deixara o País «de tanga». Seguiu-se um episódio de carnavais e sestas. E quando Sócrates chegou arrependeu-se no mesmo dia de prometer que não aumentava impostos e aumentou-os. O País tinha ficado de pantanas ou de «santanas», dá no mesmo.
E agora é o que se sabe, mais o imposto extraordinário - mais extraordinário pelo facto de não ser para todos - e o que virá por conta do «desvio colossal», eufemismo do PSD para dizer «a herança do governo anterior». E tudo isto com um recorde de negativas a matemática.
«DE» de 15 Julho 11OS PORTUGUESES, forçados a viver deitando contas à vida, são cada vez mais fracos a matemática. As negativas no 9.º ano bateram o recorde este ano: 60 por cento. Na aritmética da aflição, ou do endividamento, é que os portugueses devem ter um enorme traquejo. E senão, vejamos:
Nos tempos da Ditadura, quando os portugueses geriam a miséria de ordenados incertos em envelopes fechados, sem aumentos nem acrescentos de lei mas apenas por favor do patrão, o velho Botas ainda se lembrou de criar um imposto extra para a custear os imensos gastos da guerra colonial. Depois do 25 de Abril, com salário mínimo, aumentos salariais, novos direitos, foi o fogacho breve da Revolução. E logo chegaram o FMI e a austeridade. Primeiro estava no governo o PS, depois o Bloco Central, do PS e PSD, e lá veio por duas vezes o FMI apertar os furos dos cintos. Em 1983, como agora, o receituário do FMI e do Governo acrescentou um extra ao IRS.
Seguidamente, os portugueses deitaram contas, a ver passar os milhões da Europa, desfilando por redes de auto-estradas não se sabe em todos os casos para onde. E depois de uma breve folga, lá voltou o aperto de contas, quando Durão Barroso, pouco antes de fugir a sete pés, descobriu que o «pântano» deixara o País «de tanga». Seguiu-se um episódio de carnavais e sestas. E quando Sócrates chegou arrependeu-se no mesmo dia de prometer que não aumentava impostos e aumentou-os. O País tinha ficado de pantanas ou de «santanas», dá no mesmo.
E agora é o que se sabe, mais o imposto extraordinário - mais extraordinário pelo facto de não ser para todos - e o que virá por conta do «desvio colossal», eufemismo do PSD para dizer «a herança do governo anterior». E tudo isto com um recorde de negativas a matemática.
Etiquetas: autor convidado, JPG
3 Comments:
E tudo isto apesar do PAM. Creio que é esta a sigla: plano de acção para a matemática. Coisa que uma ex-ministra muito diligente (mais os seus colaboradores) inventou para melhorar as estatísticas.
Podia ter sido: PIM! PAM! PUM!
Ou apenas: PUM!
Não há "cosmética" que sempre dure. Como se está a ver.
Embora não discorde grandemente do tema principal do artigo, deixo uma nota para o distinto jornalista que é JPGuerra :
Nós somos bons ou maus em Matemática, não a Matemática, porque somos Licenciados na dita ou em outra quaqlquer disciplina do saber, assim como os alunos foram ou ficaram reprovados em Física e não reprovaram ou chumbaram a Física, etc., etc., ninharias, dirão alguns, mas que fazem a diferença entre quem escreve na Língua de Camões.
Espero que JPG seja sensível a esta observação. A outro qualquer jornalista, nem me daria a tal incómodo.
Cordiais Saudações e bom início de semana.
Resposta de JPG a A. Viriato:
«Com certeza que sou sensível ao reparo e até a agradeço.
JPG»
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