A baderna
Por Baptista-Bastos
IRADO, inesperadamente fora do sorriso habitual, o Marcelo exclamou:
"Façam desaparecer Maduro e Rosalino, que não se perde nada!" Pelos
vistos, o Marcelo quer mandar eliminar pessoas, cuja competência põe em
causa, e não encontra punição mais exemplar que não seja o
"desaparecimento."
"
Entende-se o desespero cáustico do professor. Ele vê, nas proposições
do primeiro e nas precipitações tagarelas do segundo o mesmo
espinoteante tolejo. Adicionando a esta confusão de cabecinhas doidas, a
disparidade dos discursos produzidos por Passos, que diz uma coisa; de
Portas, que diz outra; e de Maria Luís, que balbucia uma terceira, nada
mais resta ao Marcelo do que invectivar quem assim pensa, comunica e
age.
Mais ainda: acusa de soberba para com os portugueses, este
Executivo fanado e estático, gastador e de comportamento caótico e
casual. Só o primeiro-ministro (digo eu, agora) dispõe de um arsenal de
gente, que surpreende não apenas pelo número como pela obscura natureza
das ocupações. Vejamos: um chefe de gabinete, dez assessores, sete
adjuntos, quatro técnicos especialistas, dez secretárias pessoais, uma
coordenadora, treze técnicos administrativos, nove elementos para apoio
auxiliar, doze motoristas. Não entra, neste ameno grupo, o avultado
grupo de "gorilas" que o protege de eventuais percalços. Este pessoal
custa, por mês, ao Estado, 149 486 76 euros.
É este senhorito que
se prepara para aumentar ainda mais os impostos, cortar outra vez nas
reformas e nas pensões, aumentar o número de desempregados, dilatar o
nosso infortúnio, desprezar o futuro dos mais novos e ignorar o
desespero sem saída dos mais velhos. É ele.
A baderna prossegue. O
dr. Cavaco, dito Presidente da República, mas não se dá por isso, pediu
à troika, numa patética declaração, sensatez nas decisões. Os
funcionários para aqui mandados são fiscais de contas, sem poder
decisório porque esse pertence ao FMI, ao Banco Central Europeu e à
Comissão Europeia. O dr. Cavaco parece ignorar que os burocratas que nos
visitam, a fim de verificar se obedecemos às regras impostas, são
paus-mandados, e eles próprios atendem ao que lhes impõem os directores
daquelas três instituições, as quais são coordenadas friamente pela
Alemanha.
Ignoram a História, a cultura, as características, as
idiossincrasias dos povos por onde passam, em curto ou ampliado tempo.
Pouco se importam se humilham ou desdenham das nações em que foram
encarregados de proceder aos seus varejos. Os vexames a que têm
sujeitado o povo grego são das situações mais ignóbeis verificadas no
nosso tempo, e possuem as distintivas particulares de um sórdido ajuste
de contas. O que a Alemanha não conseguiu, com duas guerras mundiais,
está a obtê-lo agora, com a mediocridade ultrajante, a cumplicidade
servil e a sevandijice nojenta dos dirigentes políticos europeus.
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo acordo ortográfico.«DN» de 18 Set 13
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3 Comments:
Rei que se preze tem um sequito inversamente proporcional com a sua grandeza. As grandes fitas precisam de figurantes.
Por tão avultada despesa e sendo apenas um delegado diligente da troika, mais valia não haver primeiro ministro...
E sempre a Alemanha mandava mais às claras, o que, não tendo vantagens para nós, correspondia mais formalmente à realidade.
Vai ter reforma em marcos. Já é diretor-geral para os assuntos lusos.
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