24.9.13

Viva o desejo do ministro Crato!

Por Ferreira Fernandes
UM DIA, Nuno Crato anuncia querer acabar com o inglês das Atividades de Enriquecimento Curricular - isto é, nas atividade fora do tempo de aula em que além de se aprender a conjugar o verbo to be se pode aprender a tocar ferrinhos. E, três dias depois, ontem, o mesmo Crato anuncia que afinal ele "deseja" que o inglês seja obrigatório no ensino básico. Quer dizer, não quer menos inglês, quer mais. "Deseja-o" até como disciplina curricular. Eu fico quase encantado que o ministro (o ministro desta semana, entenda-se) deseje que a aprendizagem do inglês seja no 1.º ciclo e ela seja obrigatória. Clap! Clap! Clap! Mas, aplausos entusiasmados dados, estou perplexo com o erro de comunicação do ministro. Por que razão, ao anunciar a decisão de acabar da semana passada, Crato não a explicou logo com a magna (apesar de só "desejada") decisão de ontem? 
Os cínicos dirão que não estando à espera de reação tão enérgica da opinião pública em defesa do ensino do inglês, o ministro teve de dar alguma volta ao prego. E, até, foi obrigado a compensar mais (embora só no domínio dos desejos) do que antes recuara. Essa versão não é muito laudatória sobre a coerência do ministro mas o que conta, aqui, é a boa vontade. Inglês mais cedo e obrigatório! Gosto, embora por enquanto seja tão ilusório. Lamento só que o ministro não vá mais longe que o desejo, e não reconheça que é gastando bem que se combatem os nossos défices - que não são só contas.
«DN» de 24 Set 13

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