14.9.14

Casa dos Segredos e Estado Islâmico

Por Ferreira Fernandes 
O Estado Islâmico está a tornar-se Casa dos Segredos. Não há dia em que um Fábio, de kalashnikov, e uma Ângela, dum só queriducho barbudo, não nos entrem em casa. Despertando a Teresa Guilherme que dorme em cada um, os jornalistas, por twitter, vão sabendo o essencial sobre a alentejana do deserto ou o rapaz de Tondela especialista de fogo de artifício. Ela levou ingredientes para cozinhar - na última ligação à casa mais famosa de Portugal soubemos que foi maionese, ketchup... Olha, o kechup é difícil de encontrar na Síria! Se calhar é porque lá não se usam efeitos especiais. Já o rapaz dos foguetes deu há meses uma festa feérica, das melhores da região (é sabido, lá fora os nossos emigrantes dão cartas). Não foi como o fogo de artifício maricas das Festas da Senhora do Alívio, pipocando às mijinhas. No Estado Islâmico o rebentar é só um instante mas ouve-se melhor. Em Tondela, apanham-se as canas; por lá são uma perna aqui, um baço ali... Espetáculo! Mas ficou por saber: e bacalhau? Têm saudades de bacalhau, os nossos portuguesitos do Estado Islâmico? Para a próxima ligação de twitter, há que sacar essa informação chave - Teresa Guilherme, a original, falhava lá ela isso. Outra crítica, na Casa dos Segredos, a original, espreita-se debaixo dos lençóis; nesta, nada sob o hijab. Estou mortinho por pedirem o meu voto: não quero que nenhum concorrente venha para casa mais cedo. Aliás, prefiro que não voltem nunca.
«DN» de 14 Set 14

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