7.10.14

A via virgem está por vezes prenhe de diabinhos

Por Ferreira Fernandes 
Aécio Neves passou toda a campanha atrás de Marina Silva e muitos já o viam com a segunda volta tapada. Até o seu coordenador, quando Marina parecia um cometa ascendente, alvitrou que seria melhor bandear para ela. Mas isso é jogo de político. O Brasil tem uma expressão, "partido fisiológico", para definir aqueles que fazem alianças com o diabo logo que lhes garantam mais postos e influência - a expressão está certa, pois Fisiologia trata das funções vitais (como comer). Que os comensais tenham forte jogo de cintura, entende-se. Mas foi interessante ver que alguns importantes jornais se comportaram de forma semelhante, apesar de poderem pensar para lá da gamela. Foi caso da revista Veja que quando julgou ver Aécio tremido fez campanha por Marina. Ora, se há uma miríade de partidos brasileiros, eles juntam-se à volta do PSDB e do PT, grosso modo, direita e esquerda, agora representados por Aécio e Dilma (em 20 anos, o sexto duelo PSDB-PT nas presidenciais). Marina Silva é uma política isolada e ziguezagueante, que só foi para PSB porque meses antes falhara o partido que ela tentou formar. A base mais firme de Marina é a sua ligação a seitas evangélicas (os outros dois grupos PSDB e PT também têm essa ligação, mas são mais sólidos para suportar a pressão ultra-conservadora delas). Apoiar Marina era cair numa absurda aposta de olhos fechados. Felizmente, os eleitores souberam ter mais tento que os gurus jornalísticos.
«DN» de 7 Out 14

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