JE SUIS CHARLIE
Por Antunes Ferreira
NÃO HESITEI em trazer aqui um acontecimento horrendo que
aconteceu ontem (na quarta-feira) em Paris: o massacre de 12 (doze!) pessoas
numa reunião que decorria no Charlie
Hebdo um jornal humorístico, por vezes pesado da capital de França. Sabendo
que corria o risco de transformar – ainda que episodicamente – a nossa
Travessa, publico este comentário. Quem discordar da opção ataque-me,
insulte-me, abomine-me; tenho as costas largas e estou habituado a esses
procedimentos.
Os alegados culpados, à hora em que escrevo este texto,
estão a ser procurados por mais de dois mil gendarmes e militares, mas ainda
não foram encontrados. Insha’Allah (Oxalá) o sejam para que o crime não fique
impune. E não se trata aqui da pena de talião – “olho por olho, dente por
dente” máxima pela primeira vez escrita no Código de Hamurabi 1.700 a C. Nada disso; é
apenas reprovar alto e bom som o miserável ataque contra a liberdade da
informação, contra a Liberdade, contra a República, contra a França; em suma
contra a Democracia e contra o Mundo.
Fui católico, mas curei-me. A frase que, de tantas vezes
disse e escrevi, já se transformou em calina; viral, como hoje se diz no
politicamente correcto, na infoesfera, onde quer que seja. Mas respeito todos
credos, todas as religiões com excepção da única que prega a guerra (santa?), a
muçulmana. Ainda que no Alcorão não se fale dela, jihad, os ditados do único
profeta de Alá, são bem expressivos; nelas é descrita como um esforço que os muçulmanos fazem para levar a teoria
do Islão a outras pessoas. E ainda «Está escrito
segundo a autoridade de Abu Huraira que Maomé disse: ‘Aquele que morreu mas não
lutou no caminho de Alá nem expressou alguma determinação por lutar, morreu
como morrem os hipócritas» (Sahih Muslim 2:4696).
Entre os doze mortos encontrava-se um
homem que conheci e se tornou meu Amigo: Georges Wolinski. Inclino-me perante
ele como o faço em relação aos outros abatidos. Era um homem bem disposto,
cartunista de alto gabarito. Humorista brilhante, por vezes acre e acintoso,
mas na verdade para mim um Amigo. Foi vítima da denúncia que fazia sobre as
práticas da bestialidade cometidas pelos muçulmanos radicais.
Os prováveis assassinos, cujas
crueldade, fanatismo e brutalidade andam a para com a ignomínia, neste momento
em que escrevo (quarta-feira, 8) ainda não foram capturados (Incha’Allah,
oxalá, eu o sejam para que cumpram a pena por que sejam julgados em tribunal e
não na rua. De resto os bandos terroristas do chamado “Estado Islâmico já lhes
chamaram “heróis” De nacionalidade francesa são bem o exemplo dos que mordem a
mão que os alimenta.
No
século IV a C o estratega (go?) Sun Tzu /Tse escreveu A
Arte da Guerra (um
tratado militar) do qual consta que a
finalidade da guerra é matar o inimigo. Com o seu carácter sentencioso, Sun Tzu forja a figura
de um general cujas qualidades são o segredo, a dissimulação e a surpresa.
Acredita-se que o livro tenha sido usado por diversos estrategas (os?) militares através da História
como Nguyen Giap, Mao Zedong w até Napoleão. Nele se basei a guerra de
guerrilha. Os criminosos de Paris
assim procederam para consumar a sua loucura vingativa, alegando, tanto quanto
se sabe, que o jornal atacava repetidas vezes Alá, o Alcorão e Maomé. Uma nova
cruzada? Não sei.
Mas, recordo Amim Maaluf que escreveu em
França (obviamente sem censura) “As Cruzadas vistas pelos Árabes”. Maalouf é um escritor libanês. É membro da
Academia
Francesa desde 2011 .
Recebeu entre outros o Prix des Maisons de la Press,
o Prémio Goncourt 1993 e o Prémio
Príncipe das Astúrias na categoria Letras. E que me conste a sua isenção não lhe permite
advogar a guerra (santa?).
O cerne do problema está na
circunstância dos criminosos viverem entre nós, usarem os mesmos transportes
públicos, comerem nos mesmos restaurantes. E dando de barato que há “muçulmanos
bons” e “muçulmanos maus” como poderão ser reconhecidos? Usando um letreiro
colado na testa: BOM – MAU? Não sei
responder a estas questões verdadeiramente angustiantes. Sei, sim que também JE
SUIS CHARLIE, afirmação que corre por todo o Mundo, exemplo de solidariedade
com os que, inocentes, pagaram com a própria vida a defesa da Liberdade
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home