HÁ MONTANHAS E MONTANHAS
Por A. M. Galopim de Carvalho
Em linguagem popular, toda a gente sabe que uma montanha é um monte grande, mas ninguém é capaz de dizer onde acaba o monte e começa a montanha. Tal acontece, porque a palavra, vinda do latim “montanea”, entrou na linguagem popular com a indefinição que a caracteriza e, embora não tendo a especificação exigível no léxico científico, entrou no vocabulário geológico. Situações idênticas são as que podemos exemplificar com os conceitos de rio e ribeiro ou de calhau e seixo.
Em linguagem popular, toda a gente sabe que uma montanha é um monte grande, mas ninguém é capaz de dizer onde acaba o monte e começa a montanha. Tal acontece, porque a palavra, vinda do latim “montanea”, entrou na linguagem popular com a indefinição que a caracteriza e, embora não tendo a especificação exigível no léxico científico, entrou no vocabulário geológico. Situações idênticas são as que podemos exemplificar com os conceitos de rio e ribeiro ou de calhau e seixo.
Para o alentejano, com excepção da Serra de S. Mamede, com
os seus 1025m de altitude, na vizinhança de Portalegre, a grande maioria dos
relevos corresponde a elevações muito modestas quando comparadas com as do
Centro e Norte do País. Porém, para o homem que escalou a pé todos estes
relevos, na luta que travou pela sobrevivência, quaisquer colinas com cem
metros de desnível lhe mereciam o nome de serras. Não obstante a ideia
generalizada de “planície alentejana”, para os rurais meus conterrâneos “o que
não falta aqui são serras”. Basta consultar a toponímia da que é a mais extensa
província de Portugal, para verificar que, além daquelas de que falam os manuais
de ensino (Ossa, Grândola, Cercal e Portel) há muitas mais, só conhecidas pelos
residentes.
Para o comum dos cidadãos e limitando-nos a três exemplos
nacionais: o vulcão do Pico, a serra da Estrela, a de S. Mamede e a da Arrábida
são montanhas, porque, por assim dizer, são grandes montes.
Na linguagem geológica o vulcão do Pico
não é uma montanha, cresceu por acumulação de lavas, cinzas e outros piroclastos,
derramados e projectados pela respectiva cratera.
A serra da Estrela, corresponde, “grosso
modo”, a um bloco de terreno que subiu, ao longo de falhas, à semelhança de uma
tecla de piano que se eleva acima das outras. A geologia não dispõe de nome em
português para designar este tipo de relevos. Utiliza desde sempre o termo
alemão “Horst”.
Para o geólogo só a serra da Arrábida é uma montanha, no
sentido orogénico (do grego: “orós”, montanha, e
“genesis”, origem, nascimento) da palavra.
Para explicar a formação de uma montanha
neste último contexto, vamos imaginar uma
série de lençóis, mantas de diversas qualidades e espessuras, cobertores, um
édredon e o mais que se quiser, tudo bem esticadinho e empilhado em cima da
cama.
Imaginemos que este empilhamento representa alguns
quilómetros de espessura de camadas de sedimentos depositados no fundo de um
oceano, ao longo de cem ou mais milhões de anos, como é, por exemplo, o que
está a acontecer no Oceano Atlântico, aqui ao nosso lado.
Vamos agora abrir bem os braços e agarrar esta pilha de
roupa, uma mão de cada lado, e apertá-la para o meio da cama. Fica tudo
amarrotado, com dobras para cima e outras para baixo.
Com a força dos nossos braços, em metro e meio de extensão
desta roupa e em um ou dois segundos, fazemos, assim, o que a Terra faz, com
todas as forças do enorme brasido do seu interior, em milhares de quilómetros
de fundo de um oceano e ao fim desses muitos milhões de anos.
- Então uma montanha são rochas sedimentares dobradas?.
A esta pergunta a resposta é:
- Sim, mas é mais do que isso.
A porção das dobras que fica para cima representa a parte
da cadeia montanha que se eleva à superfície do terreno, como aconteceu na
Arrábida e está a acontecer nos Alpes, por exemplo. A porção dobrada que fica
para baixo representa a parte que se afunda na crosta terrestre, como se fossem
a sua raiz. Acontece ainda que, em virtude das elevadas pressões e temperaturas
a que passam a estar sujeitas, as rochas sedimentares que assim se afundam na
crosta, se transformam em rochas metamórficas. Na parte mais profunda destas
raízes, com temperaturas na ordem dos 800 a 900 oC, as rochas
começam a fundir, gerando magmas que, arrefecendo ao longo de milhões e milhões
de anos, se transforma em rochas magmáticas como os granitos e outras menos
conhecidas.
A serra de S. Mamede é o que resta de uma enorme cadeia de
montanhas , verdadeiramente orogénica, que teve aqui, na Península Ibérica, há
mais de 300 milhões de anos, tanta ou mais imponência do que os Alpes, hoje em
grande parte arrasada pela erosão.
Etiquetas: GC
3 Comments:
Caro CMR, este "post" está em grande parte duplicado. Os dois últimos parágrafos devem ser cortados e colados imediatamente antes da 2ªa foto e esta, e todo o texto intermédio que se lhe segue, devem ser apagados.
Caro CMR, este "post" está em grande parte duplicado. O último parágrafo deve ser cortado e colado imediatamente antes da 2ªa foto e esta, e todo o texto intermédio que se lhe segue, devem ser apagados.
Assim é que é...
JB
Obrigado, caríssimo, já corrigi!
É o que dá afixar o mesmo texto em 2 blogues...
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