Terramotos
Por Antunes Ferreira
Na madrugada da passada segunda-feira mais de trezentos
sismos com magnitude entre os graus 1,9 e os 3,2 da escala de Richter assolaram
os Açores, com especial incidência na ilha de São Miguel. Ao semanário
“Observador” de Lisboa, o presidente do Instituto do Mar e da Atmosfera
declarara que a crise sísmica poderia prolongar-se “seguramente durante dias,
até semanas e possivelmente meses”. Os Açorianos – tão habituados a estas
situações – limitam-se a… continuar a viver.
Soube-se então que esta crise sísmica teve origem na mesma
falha tectónica que há quinhentos anos quase destruiu São Miguel assolada por
um terramoto catastrófico seguido de um tsunami. Estava-se em 1522 e a falha era
e é resultante (Ponto Triplo) do encontro de três placas submersas: a
euroasiática, a norte-americana e a africana. Cientificamente ainda há muito
para estudar.
O Homem nem conhece, bem ou mal, o planeta em que vive. Julga, mas, na realidade não. Porém, nem
tanto ao mar, nem tanto à terra, a Humanidade conhece o concreto, o local onde
vive, o que come, o seu estatuto vivencial, emocional e tradicional, o sentido
da responsabilidade, da sobrevivência, dos valores morais, do dever, da
obrigação, da filiação, da paternidade, da maternidade, do valor do numerário
(talvez o principal) e muitos outros, se se continuasse a enumerá-los
chegar-se-ia ao infinito… E, obviamente, também conhece os “valores” contrários.
É por tudo isso que a introspeção nos rodeia num amplexo
indeclinável e impossível de “desatarraxar” e pior, vivemos assim porque
queremos viver assim, disso não podemos sair quiçá não queremos sair. A
complexidade desta estranha maneira de viver desnorteia-nos, desnorteia a
Humanidade porque afinal o que é a vida, onde ele começou, onde ela acabará?
Perguntas com imensas respostas mas nenhuma solução. Donde se chega ao drama
existencial. Muitos filósofos têm vindo a abordar o tema de todos os ângulos
possíveis e imagináveis, Para dar alguns exemplos desde Santo Agostinho até Hegel
e Kierkegaard a procura do drama existencial foi constante, durou séculos e vai
continuar. "Conhece-te a Ti mesmo e conhecerás todo o universo e os deuses, porque se o que procuras não achares
primeiro dentro de ti mesmo, não acharás em lugar algum"- frase do Templo
de Delfos na Grécia.
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