CALCITRIN & MANGUSTÃO
Por Joaquim Letria
Já devem ter reparado que a maior parte da Rádio e da TV chega-nos paga pelo patrocínio de produtos e medicamentos que se podem comprar sem receita médica.
Reparem, por exemplo, no domínio exercido sobre as emissões de televisão de praticamente todos os canais existentes, os quais promovem, anunciam e vendem através de números de valor acrescentado e de supostos directores de “new projects”. Os jornalistas e os apresentadores limitam-se a ser compères, abanando o chocalho e fingindo fazer perguntas inteligentes como se os programas fossem deles.
É por isso que hoje a gente já não sabe se está a ver o programa de Beltrana ou de Fulano. Sabemos só que aquilo é pago pelo Calcitrin ou pelo Mangustão, com ou sem “Alloah Vera” e engolimos tudo sem que o Infarmed e a CERC fiscalizem os produtos e estações, canais, produtores, autores, editores e apresentadores.
Só para se ter uma ideia de como produtos alternativos pagam as nossas Rádios e TVs vejam só a lista que anotei, virado para um televisor pendurado duma parede dum modesto “snack bar” onde sozinho comi qualquer coisa numa tarde destas: Medicare, Cogumelo do Tempo, Memofante, Aspirina,BackHero, Acústica Médica, Sonotone, Amplifom, Minisom, MagniHear,Widex, LifeHack, Therma Care, Imodium, Depuralina, CalciumMais. E isto foi no tempo duma sandes de fiambre com um leite com chocolate…
Acima dos 30 anos já ninguém vê televisão. Aqueles anúncios são para muito velhos e aqueles programas são para ainda muito mais velhos. Assim, se aqueles produtos não matarem alguém, temos o audiovisual mais saudável do mundo…
Publicado no Pasquim da Vila
Etiquetas: JL
2 Comments:
Já me interroguei várias vezes sobre a tal (não) fiscalização por quem de direito.
Pelo que tenho lido,a grande maioria destes produtos não são certificados A publicidade ê também,na maioria das vezes enganosa Basta pensar,na quantidade de produto activo(natural),que seria necessário para sortir efeito Por isso a esses produtos lhes juntam uma série de excipientes,alguns dos quais nada benéficos para a saúde
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