5.3.05

Reclamação

Em tempos, uma senhora que trabalhava no problema da integração da comunidade cigana, disse-me que uma das dificuldades era a aceitação de casas "normais".

Um dos exemplos de rejeição que dava tinha a ver com o facto de os ciganos não estarem habituados a portas - pelo que uma das primeiras coisas que faziam era retirá-las.

Por isso, esta notícia do «DN» de ontem fez-me confusão...


Casas novas rejeitadas por dez famílias ciganas

As dez famílias de etnia cigana que a Câmara Municipal de Avis realojou em outras tantas habitações construídas de raiz, no parque industrial local, ameaçam regressar às antigas barracas.

Tudo porque alegam que as actuais casas não têm condições e que estavam mais confortáveis nas tendas onde viveram ao longo dos últimos dez anos.

Em declarações ao DN, Maria de Fátima, uma das queixosas, garante que os imóveis "não têm portas nos quartos, as casas de banho não têm canalizações para o esquentador e as madeiras deixam entrar vento por todos os lados. Nós temos muitas crianças, que já estão doentes por causa do frio que apanharam nestes dias", afirma aquela moradora.

O realojamento começou há mais de dois meses, anunciando a autarquia, já esta semana, que o processo estaria concluído, prevendo-se para breve um intervenção de recuperação paisagística no espaço anteriormente ocupado por esta comunidade, à entrada da vi1a.

Porém, as famílias alegam que ainda há muito trabalho pela frente, no sentido das casas serem dotadas das infra-estruturas necessárias para ali poderem viver em condições.

"Quando para cá viemos e vimos que faltava muita coisa, pedimos explicações e prometeram que tudo ia ser resolvido. Mas não fizeram nada e só agora vieram pôr um produto nas fendas. No entanto, esse produto não resolve os problemas do frio", insiste Maria de Fátima, para quem, vistas de fora, as casas até são bonitas, "mas lá dentro é impossível viver".

Contactada pelo DN, uma fonte da Câmara Municipal de Avis diz que, afinal, o processo "ainda não está totalmente concluído", assegurando que "estão a ser tomadas todas as medidas no sentido de resolver os vários problemas o mais breve possível".

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ó meu caro Medina Ribeiro !

Que ingenuidade!

As portas de que os ciganos não gostam são as portas das casas dos cidadãos comuns, nas quais eles gostariam de entrar sem entraves, para melhor subtrairem o que lhes aprouvesse ...

5 de março de 2005 às 16:21  

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