Por um futebol com futuro (*)
SENTADO no sofá lá de casa, de olhos postos em Madrid, no Santiago Bernabéu, eu vi o que pode vir a ser o futebol do futuro, muito parecido com o grande futebol do passado. Sem dúvida mais rápido e menos estático, mas imaginativo e espectacular.
(Texto integral em «Comentário-1»)
(*) Crónica de Alfredo Barroso no «DN», aqui transcrita com sua autorização
(Texto integral em «Comentário-1»)
(*) Crónica de Alfredo Barroso no «DN», aqui transcrita com sua autorização
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Por um futebol com futuro
Sentado no sofá lá de casa, de olhos postos em Madrid, no Santiago Bernabéu, eu vi o que pode vir a ser o futebol do futuro, muito parecido com o grande futebol do passado. Sem dúvida mais rápido e menos estático, mas imaginativo e espectacular. A tal ponto que os adeptos madrilenos se renderam à exibição da equipa catalã.
Ponham os olhos nesta magnífica equipa do Barcelona, cujas estrelas brilham no firmamento de um futebol colectivo, bem pensado, engenhoso, contundente, arriscado e cheio de classe. Como escreve o meu ilustre amigo Santiago Segurola - que nem sequer conheço pessoalmente, mas leio avidamente -, "o Barça não é apenas uma equipa, é uma ideia de futebol, singular nos tempos que correm". Será bom que faça escola.
Observando, deslumbrado, a grande jogatana entre o Real Madrid e o Barcelona (0-3), também vi, no Santiago Bernabéu, o que pode vir a ser - ou já é - a decadência do neoliberalismo aplicado ao pontapé na bola. Isto é o fracasso de "uma ideia mercantil" alheada do "puro futebol", infelizmente remetido a um papel secundário pela estratégia de marketing de um rico empresário especializado na especulação imobiliária.
Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, parece apostar mais na publicidade a um "mosaico decepcionante" de futebolistas "galácticos" contratados a peso de ouro - fora dos relvados - do que na construção de uma verdadeira equipa de futebol capaz de deliciar os seus adeptos - dentro das quatro linhas. A "galáxia" de jogadores madrilenos não passa de uma manta de retalhos. É a soma de uma série de estrelas sem luz própria e cintilante arrastando- -se pelos relvados - apáticas, sem imaginação e sem rumo.
A "industrialização" e "comercialização" do futebol remeteu o puro jogo para o plano da contabilidade de ganhos e perdas, das colunas do "deve" e "haver". Esqueceu-se do espectáculo, que só pode resultar do brilho dos artistas e da excelência das equipas capazes de proporcionar aos seus adeptos grandes jogatanas, correndo riscos, realizando magníficas jogadas, espreitando e criando as oportunidades e marcando golos.
É por isso que concordo com Santiago Segurola, ao escrever que uma equipa tão jovem, brilhante e bem construída como este Barça de Frank Rijkaard (e de Ronaldinho, Eto'o, Messi, Xavi, Deco & Cia.) "representa um ideal futebolístico tão pouco corrente que se converterá num formidável reclame comercial em todo o mundo". A reabilitação do futebol depende da qualidade do jogo e não da intensidade do marketing. Este tem de vir por acréscimo, sem condicionar as tácticas, as exibições e os espectáculos.
Regressando de Madrid a Lisboa, sempre sentado no meu sofá, devo reconhecer que não fiquei nada decepcionado com os três jogos de futebol que vi no fim-de-semana passado. Sobretudo o Sporting de Braga-Benfica (3-2) e o FC Porto-Académica (5-1). A única objecção que tenho a opor a estes dois jogos é que só oito (8) dos onze (11) golos marcados foram "limpos" um nem sequer existiu (o terceiro do FCP), outro resultou de um penalty inventado pelo árbitro (o segundo do Benfica) e outro foi marcado em nítido fora-de-jogo (o terceiro do Sporting de Braga). Felizmente, a justa atribuição dos pontos não foi influenciada por estes erros de arbitragem, que já estão a multiplicar-se.
Em relação ao jogo de Braga, devo até dizer - e não sou crente - que assisti, não propriamente a um "milagre", mas a um caso de "justiça divina". Jesualdo Ferreira, que sabe "ler" bem o jogo, deu um "banhada" táctica, na segunda parte, a Ronald Koeman, um holandês alto, loiro e espadaúdo que me parece "ler" mal, sentado no banco - e não percebeu patavina do que se estava a passar no meio-campo daquele belo estádio.
Fecho com o Penafiel-Sporting (0-1) só para notar que Bento está a reconstruir a equipa pedra a pedra, que Liedson é uma pedra preciosa e que Nani é um diamente.
Alfredo Barroso
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(Crónica aqui transcrita com autorização do autor)
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