A experiência secreta
Os jornais acabam de dar conta da fuga de dois presos da cadeia de Alcoentre utilizando uma lima. Isso fez-me recordar esta história, em tempos publicada na revista «VALOR».
A experiência secreta
Estava eu muito sossegado, quando o Salvador me telefonou pedindo ajuda e adiantando que se tratava de um trabalho extremamente interessante.
Por isso, assim que pude, "desenfiei-me" do emprego e fui até ao seu escritório (...) (Texto integral em «Comentário-1»)
A experiência secreta
Estava eu muito sossegado, quando o Salvador me telefonou pedindo ajuda e adiantando que se tratava de um trabalho extremamente interessante.
Por isso, assim que pude, "desenfiei-me" do emprego e fui até ao seu escritório (...) (Texto integral em «Comentário-1»)
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A Experiência Secreta
Estava eu muito sossegado, quando o Salvador me telefonou pedindo ajuda e adiantando que se tratava de um trabalho extremamente interessante. Por isso, assim que pude, "desenfiei-me" do emprego e fui até ao seu escritório.
Ele e a D. Rosa já me esperavam, com a senhora dentro do velho Cadillac, enquanto ele se esforçava por o pôr a trabalhar com a ajuda de pontapés científicos. Acabou por ser preciso recorrer a um bom empurrão e, finalmente, lá fomos, rumo a um destino que só eles sabiam. De qualquer forma, eu estava à espera de tudo menos de parar junto a um estabelecimento prisional!
- E podemos estacionar aqui? - perguntei, atónito.
- Não vamos estacionar, vamos entrar.
- Numa prisão?!
- Exactamente!
Depois de algumas formalidades, atravessámos os portões, estacionámos no pátio, e fomos conduzidos a uma pequena sala. Eu resmunguei, agastado com tanto segredo:
- Espero que nos deixem sair daqui e que me expliques o que é que cá vim fazer!
- Trata-se de um programa ultra-secreto de integração de reclusos na sociedade - esclareceu a D. Rosa.
Fiquei na mesma. E foi nessa altura, enquanto eu coçava a cabeça tentando perceber o que se estava a passar, que entrou um cavalheiro de ar marcial. Olhou para mim, desconfiado, e só se mostrou tranquilo quando o Salvador me apresentou como sendo pessoa da sua total confiança.
O homem olhou em volta, fechou a porta depois de confirmar que ninguém nos podia escutar, e fez-nos sinal para nos sentarmos. Depois, virando-se para eles, comentou secamente:
- O programa que nos venderam vai ter de ser alterado urgentemente ou teremos de escolher outros presos-cobaias.
Vim, então, a saber o grande segredo.
Numa experiência-piloto altamente secreta, tinha sido introduzida a Internet naquele estabelecimento prisional. Além de navegarem, os reclusos podiam enviar e receber correio electrónico com total confidencialidade! Apenas com uma excepção: o server estava equipado com um filtro e reagia a PALAVRAS SUSPEITAS, tais como "evasão", "fuga", "armas", etc, casos esses em que accionava um alarme e o correio era, em seguida, completamente devassado.
E até expressões como "armado em parvo" eram suspeitas!!
E fora o Grande Consultor quem fornecera tudo, evidentemente.
- O problema é o que tem a alcunha de Chico Piolhos. Como é que o homem pode ter privacidade se o apelido dele é LIMA e o da namorada, a quem escreve a toda a hora, é SERRA?
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NOTA: As aventuras de Salvador, o Grande Consultor foram publicadas, durante mais de um ano, na revista «Valor». Podem ainda ser lidas em:
www.janelanaweb.com/humormedina
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