Eslavas felizes

UM AMIGO chamou-me a atenção para o facto de empregadas de um importante centro comercial serem eslavas. A intenção era demonstrar-me como podem os portugueses ter trabalho, se os empregos estão ocupados por imigrantes.

Posteriormente, tive ocasião de conversar com um director de um grande armazém. Por contraste com a antipatia, displicência e falta de profissionalismo dos empregados portugueses que se mexiam à nossa volta, lembrei-me da discussão com o meu amigo a propósito das felizes eslavas.

Disse-me ele que o recurso a imigrantes eslavos ou brasileiros é muitas vezes inevitável na medida em que os portugueses não se sentem atraídos por empregos que, não sendo a realização de uma vida, lhes poderiam garantir a subsistência. Ele já tinha visto de tudo - aqueles que desaparecem sem uma palavra, os que metem baixa logo que podem ou se refugiam no desemprego, os que não correspondem às instruções ou não ligam à formação, os que pensam que são bons de mais, os que não são sérios. No fim da lista vinham os que trabalhavam.

Já que a vida os trata igualmente mal, não poderiam os portugueses ter o sorriso dos brasileiros e a vontade das eslavas?

«25ª HORA» - «24 horas» de 7 Abr 06