Ter razão

NOS ÚLTIMOS anos só dou palpites sobre televisão quando me pedem para emendar o que está mal ou para colaborar em algo que tem de sair bem - coisas que em Londres, Madrid e Munique há quem perceba que sei fazer. Por isso, fico contente por pensar que em Portugal devo escrever livremente para dizer bem de Moita Flores e de João Cayatte.

Um a escrever e o outro a realizar levaram a milhões de portugueses histórias como as dos "Ballets Roses", "O Processo dos Távoras", "A Ferreirinha", "João Semana" e "Pedro e Inês" e, agora, a adaptação de "Quando os Lobos Uivam", de Aquilino Ribeiro.

Independentemente de algumas falhas de pormenor, para lá do interesse das histórias, há o lado instrutivo e o factor positivo de serem de época, o que pode contribuir para que os nossos jovens não pensem que Portugal foi sempre um país desinteressante.

Pessoalmente, tenho a grande satisfação de ver afirmarem-se, no que de melhor hoje se produz em Portugal, duas figuras que há 20 anos já eu pressentira, ao apostar, contra tudo e contra todos, num obscuro inspector da Polícia Judiciária e num jovem maldito, estudioso dos mistérios do vídeo. Sabe bem ter razão. Mesmo antes de tempo.
«25ª HORA» - «24 horas» de 5 Abril 06