Ou bacocos ou "ibéricos"...
COMO já aqui foi dito, António Barreto (referindo «o medo de Castela») esforçou-se por ridicularizar os portugueses que não querem que os seus filhos nasçam em Espanha, no que foi seguido por outros lúcidos pensadores.
José Sócrates e Correia de Campos também o fazem, claro, mas vão um pouco mais longe e recorrem, agora, ao epíteto de bacocos o que, como se sabe, tem um significado - no mínimo... - desagradável.
Talvez não falte quem goste de ser insultado mas, pela parte que me toca, não apreciei ser tratado assim por dois empregados meus, pois, embora apenas em parte, o ordenado desses cavalheiros sai do meu bolso.
--oOo--
Na «Quadratura do Círculo», ontem, JPP também dizia que não tem mal nenhum que os povos fronteiriços partilhem serviços de um lado e do outro da raia.
Trata-se de uma abordagem mais inteligente, essa, que só precisa de esclarecer uma coisa para ficar perfeita:
Alguém imagina, SERIAMENTE, a situação inversa - mulheres espanholas a virem, aos milhares, parir a Portugal? E porque será que a simples enunciação da pergunta nos dá vontade de rir?
(Uma versão simplificada deste texto - que está em «Comentário-9» -, veio a ser publicada no jornal «metro» de 12 Mai 06, no «DN» de 15 e no «DESTAK» de 26)
8 Comments:
Mas a questão de fundo não é a cidadania? As crianças portuguesas que nasçam em Badajoz ficam registadas com nacionalidade portuguesa. Isso é o que importa. Quero lá saber se a sala de partos tem mobília espanhola ou alemã, quero é saber de que nacionalidade é a criança. E é portuguesa. Ponto final.
Carlos
Pois é!
Esses senhores são empregados dos portugueses todos.
E a últim aparte do post coloca a questão que interessa colocar: alguém vem de espanha nascer aqui?
Do ponto de vista estratégico esta decisão de mandar pessoas nascer em Espanha é uma derrota tremenda.
Estamos a dizer aos gritos que somos incapazes de fazer nascer pessoas em território português e que preferimos ir fazê-las nascer em Espanha.
Brilhante!
Depois descobre-se que a nacionalidade é a portuguesa.
Não é isso que está em causa, nesta situação.
Se, daqui por amanhã, os espanhóis disserem que não querem que esta situação continue, fica-se com as calças na mão?
Nessa altura vão nascer aonde?
Em frança?
Ou tem que se voltar a gastar imenso dinheiro para recriar toda a situação que antes existia, depois desta medida de fechar sitios?
Gostei bastante do post.
O sentido da nacionalidade (tal como a sua perda progressiva) também se faz de pequenas coisas, como a Bandeira Nacional pendurada de pernas para o ar (como fez o ex-MNE Martins da Cruz na Líbia, o nosso embaixador no Iraque e a GNR-BF de Lagos), as empresas-chave (não refiro as outras) que são vendidas a espanhois, as pessoas responsáveis que não sabem falar português (ou que, por tudo e por nada usam estangeirismos desnecessários), etc.
Qunato à atitude do «Quero lá saber!», ela apareceu muitas vezes ao longo da nossa História (1383, 1580...), sempre com o apoio de certas elites e até de governantes com os resultados conhecidos.
Curiosamente, foi sempre o Povo que disse que «Queria saber, sim senhor!»
Até sou capaz de concordar com a última afirmação do CMR.
Mas parece-me que quando "quis saber" o povo não estava sózinho. Havia um líder ou uma referência, algo que se seguia. Hoje... bem hoje íamos seguir quem? Hein?
É escusado procurar... a verdade é que há nada nem ninguém que mereça a nossa confiança absoluta, um verdadeiro líder, com autoridade sem ser autoritário... o último desapareceu há muito tempo... ( e não estou a falar do tempo da outra senhora)
Em 1383-85, segundo Fernão Lopes, o Mestre de Avis era "fraquinho", acabando por ser o Povo a empurrá-lo.
O mesmo se passou com D. João IV, em 1640. Quase que teve de ser levado ao colo...
Ora aqui está um assunto que vai ao encontro de muitas mentalidades adormecidas, que estão a acordar perante a insensatez destas medidas.
Ainda niguém demonstrou quanto custa um parto um espanha para poder comparar com o quanto custa em Portugal. mas a questão não é apenas de números, é também de outras dimensões e outras razões, como por exemplo saber quais as regras para contabilizar as estatisticas demográficas, as medidas para combater a desertificação do interior e a consequente macrocéfalia da sociedade Portuguesa. Até pode acontecer que uma das pragas que entre na moda seja "Vai parir a espanha", como corolário da exclusão total da cidadania Nacional. Depois há aqueles, que como eu, começam a descobrir a lógica dos Nacionais (..ismos).
E, já agora se um dia algum movimneto radical começar a expressar-se à bomba, quem é que o estimulou e lhe deu razões para a tomada dessas atitudes????
Este problema das maternidades é, de facto, especialmente interessante porque toca em muitos aspectos da nossa sociedade:
A desertificação, a falta de dinheiro, a escassez de recursos humanos, o divórcio dos governantes face aos sentimentos do povo, a progressiva perda das referências que fazem com que um país o seja, etc.
Claro que o mais caricato (por ser uma situação-limite) é a exportação de infantes para Espanha, mas o resto não é menos preocupante.
Curiosamente, o GRANDE argumento esgrimido (que até deve ser verdade) é a falta de meios nos blocos de partos que eles querem fechar.
Só que, em vez de tratar de arranjar esses meios (que já existiram!), fecham a loja!
Já dever ser um "tique" do PS, pois o seu grupo parlamentar, perante uma (mal explicada) falha do sistema de voto electrónico, também propôs a sua desactivação em vez de chamar o electricista...
Nascer em Portugal
(Publicado no «metro» de 12 Mai 06)
O Governo resolveu ridicularizar os portugueses que não querem que os seus filhos nasçam em Espanha chamando-lhes «bacocos» - o que, segundo o dicionário que aqui tenho, significa «palerma, pacóvio».
Seria preferível que tivesse recorrido a uma argumentação mais inteligente, como a de quem diz que «não tem mal nenhum que os povos que vivem junto à fronteira partilhem serviços de um lado e do outro da raia», uma abordagem que não recorre ao insulto e que só precisa, depois, de esclarecer uma coisa:
Alguém imagina a situação inversa - espanholas a virem, aos milhares, dar-à-luz a Portugal? E, já agora, porque será que a simples enunciação da pergunta dá vontade de rir?
Enviar um comentário
<< Home