Tento na bola! (*)
QUANDO as pessoas começam a dizer «no meu tempo...» é sinal de que estão a ficar velhas. Mas não resisto a usar essa expressão para referir que, no meu tempo, os ídolos do futebol eram para nós muito mais do que isso: encarávamo-los como modelos de comportamento humano a seguir. Águas, Travassos, José Pereira, Barrigana, Pelé (e tantos outros!), eram pessoas que considerávamos cidadãos exemplares - e isso tinha uma enorme influência, não só quando jogávamos à bola mas também em muitas outras situações da vida.
Agora, ou porque a ingenuidade é coisa do passado ou porque a situação se alterou muito, fico de boca aberta:
Vejo treinadores cujo ego «rebenta as costuras da cabeça»; vejo dirigentes que se sentem vocacionados para caciques regionais - e outros que vão parar à prisão; vejo árbitros serem acusados de desonestidade e não se importarem... e por aí fora.
Mas o que mais me choca é ver as garotices de alguns craques que, completamente alheios ao facto de serem modelos para a juventude, agridem árbitros ou se pegam à pancada com colegas de profissão - tudo isso perante milhões de espectadores, numa demonstração insuportável de imaturidade, como miúdos a precisar de duas surras no rabo - de que estão a salvo por ser crime público...
Se não fizesse já parte do fato de trabalho, talvez fosse um bom castigo mandar esses garotos-rufias-da-bola andar de calções!
(*) Publicado na "Visão" e no "DN" em Maio/Junho 2003
(Imagem env. por JESCA)
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