14.8.06

Gangues e capelinhas (*)

HÁ ALGUM tempo, ainda antes da chamada "época de fogos", vieram a público uns senhores garantir que algumas corporações de bombeiros poderiam recusar-se a actuar fora das suas áreas específicas.

Não me recordo das razões que invocavam, mas ficou-me na memória o facto de essa ameaça prefigurar uma situação totalmente simétrica da que nos é mostrada em «Os Gangues de Nova Iorque» - um filme muito violento onde, a dada altura, o realizador introduziu um episódio cómico para amenizar o excessivo dramatismo:
Quando uma corporação de bombeiros se prepara para combater um incêndio num edifício, aparece uma outra a disputar-lhe o trabalho e descamba tudo numa monumental cena de pancadaria. Para que a comicidade seja perfeita, a cena prossegue com as chamas a consumirem tudo até aos alicerces... enquanto os soldados-da-paz (?), felizes e contentes, se entretêm a agredir-se mutuamente. Na plateia, é claro, a assistência delira com o absurdo da cena - e descomprime da tensão acumulada.
Ah! Assim pudéssemos nós rir, com um riso aberto e inocente, de rábulas verídicas como a que no início se refere, bem como da falta de sintonia (passe o eufemismo...) entre os Ministérios da Administração Interna, da Agricultura e do Ambiente a propósito do estado actual das nossas florestas que continuam, ano após ano, impreparadas para enfrentar os fogos!
(*) Este texto (que foi transcrito no blogue ABRUPTO no dia 15 Ago 06) retoma um tema já aqui abordado, mas foi refeito no seguimento das recentes tricas entre ministérios que se referem no último parágrafo.