27.1.07

O Síndrome Artur Jorge

DESDE A DÉCADA DE 80 do século passado que o treinador de futebol Artur Jorge tem ganho fortunas a ser despedido pelo mundo fora. Os gestores públicos descobriram este segredo e muitos deles não querem outra coisa.
Mas se no futebol os despedimentos se relacionam com resultados, nas empresas públicas o segredo é o da “confiança”, questão que não deveria sequer surgir num universo em que o patrão é o mesmo.
“Confiança” serve para justificar a nomeação dos “nossos”, depois de se despedir os “outros”. Quando são despedidos, os outros não perdoam e recebem uma pipa de massa. Foi assim que o verbo indemnizar passou a ser conjugado na forma reflexa, com grande elegância: nós indemnizamo-vos, vós indemnizai-nos.
O banco comercial do Estado gastou 4,2 milhões de euros a mudar de gestores no mesmo ano. O Tribunal de Contas recomenda maior transparência nas demissões das administrações das empresas do Estado. Com as novas empresas estatais que aí vêm, desde hospitais até escolas, vai crescer o regabofe.
«25ª HORA» - «24 horas»

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2 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Simpatizo imenso co Guilherme de Oliveira Martins e adoro as auditorias do Tribunal de Contas, invariavelmente apelidadas de ARRASADORAS.

Mas o certo é que me fazem sempre lembrar as histórias infantis, quando, não menos invariavelmente, nós perguntávamos:

- E depois? E depois? Conta! Conta lá o que é que aconteceu?

27 de janeiro de 2007 às 18:43  
Anonymous Anónimo said...

Ora nem mais, caro Medina

Em minha opinião, o que está passar-se, com a liderança de Sócrates, não é mais do que uma bem planeada mistificação destinada a fazer crer que “agora é que é”.

Consequências, isso é que não é.

Entretanto, vão colocando o pessoal deles em tudo o que é coisa pública. E nos lugares de elevadas remunerações, quem vier a seguir, se os quiser tirar, vai ter de pagar bem.

Mas este “a seguir”, pelo andar da carruagem, pode vir muito longe. E cada vez mais longe, porque entretanto eles vão instalando uma nova ANP, que vai reduzir o regime democrático a uma caricatura.

Controlo da informação a todos os níveis, medo de criticar o governo, falar entre dentes com um olho no burro e outro no socialista da mesa ao lado, enfim, o cortejo de limitações que nós, que passámos por isto há longos anos, já conhecemos.

Jorge Oliveira

28 de janeiro de 2007 às 10:55  

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