Multiprocessamento
AO CONTRÁRIO DO QUE POR VEZES SE PENSA, não basta usar um sistema de «mãos livres» para poder guiar e usar um telemóvel sem risco. Os neurologistas notaram que as duas actividades activam zonas diferentes do cérebro, mas que as duas em simultâneo reduzem a concentração.
Vários psicólogos experimentais têm feito estudos que confirmam assustadoramente estas conclusões. Investigadores da Universidade Vanderbuilt, em Nashville, relatam recentemente na revista «Neuron» um estudo em que várias pessoas são observadas no desempenho alternado de duas tarefas: pressionar uma determinada tecla após ouvir um som entre oito sons possíveis e pronunciar uma determinada vogal em reposta a uma cor entre outras tantas cores possíveis. Mediu-se a capacidade de resposta quando as pessoas desempenhavam uma tarefa de cada vez e quando estas se sobrepunham. A sobreposição de tarefas prejudicava pouco a correcção das respostas, mas atrasava-as significativamente.
Estudos semelhantes feitos há pouco na Universidade de Oxford mediram o atraso de jovens (18 a 21) e de adultos (35 a 39) quando fazem tarefas em simultâneo. Curiosamente, no entanto, os jovens atrasam-se mais, o que contraria uma ideia muito estabelecida sobre a capacidade de multiprocessamento do cérebro: uma coisa parece ser a tolerância a sinais múltiplos, outra a capacidade de resposta.
Ao contrário do que por vezes se diz, os ambiente modernos de trabalho ocupam o nosso cérebro com demasiadas tarefas simultâneas. Somos bons processadores, mas maus multiprocessadores. Todos temos a lucrar em fazer uma coisa de cada vez.
Adaptado do «EXPRESSO»
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