5.5.07

Associação de ideias - III

Faz hoje, exactamente, 12 anos...

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Humm...Interessante.Muito interessante. Tristemente interessante se é que se pode escrever assim(!?).

5 de maio de 2007 às 09:37  
Anonymous Anónimo said...

Como, pelos vistos, o cavalheiro foi um precursor (atente-se até na afirmação de que tudo não passou de um "erro dos serviços"!), a qui fica a saborosa notícia, apesar de ter um travo de déjà vu:

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O Independente, 5-5-1995
“Deputado da bancada laranja é falso doutor”

“Falsificação: Deputado laranja faz-se passar por advogado

Adérito Imperfeito

O deputado social-democrata e secretário da direcção do grupo parlamentar, Adérito de Campos, prestou falsas declarações sobre as suas habilitações literárias. Quando chegou a S. Bento, em 1980, preencheu a sua ficha declarando que era licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra. E que tinha como profissão «advogado».
Numa investigação desenvolvida por O Independente descobriu-se que, afinal, o deputado laranja, eleito pelo círculo de Aveiro, nunca chegou a concluir o curso de Direito e que, por via disso, nunca esteve inscrito na Ordem dos Advogados. Mais. O deputado aveirense deixou o curso quando lhe faltavam apenas duas cadeiras para o concluir e agora, por via disso, corre sérios riscos de ter de fazer não duas mas 12 cadeiras. Tudo por causa de uma reforma curricular do curso de Direito na Universidade ele Coimbra.
Adérito Manuel Soares Campos é conhecido sobretudo por ser o primeiro-secretário da direcção do grupo parlamentar social-democrata, leia-se «controleiro da presença dos deputados no hemiciclo», cargo que vem exercendo ininterruptamente desde o consulado de António Capucho, em 1985. O seu «padrinho» político é e sempre foi Ângelo Correia.

Apanhado. O falso licenciado, que tem por difícil missão fazer circular pelo plenário a folha das presenças dos deputados laranja, confirmou tudo a O Independente, mas garantiu que jamais preencheu qualquer papel em que se declarasse como advogado.
A versão de Adérito Campos é simples. Em 1980, militava ainda na JSD de Aveiro, via concelhia de Vale de Cambra, de onde é natural, e foi eleito deputado pela primeira vez. Tinha então 23 anos de idade, nunca chumbara um ano e era considerado um bom aluno. A prová-lo o «15» à sempre difícil cadeira de Direito Romano, em Coimbra. Segundo as suas próprias palavras, tinha planeado concluir o curso na época de Setembro/Outubro, mas as eleições de Outubro de 1980 permitiram-lhe um lugar ao sol em S. Bento. Adérito não hesitou um segundo, e decidiu adiar a conclusão da licenciatura em Direito.
Apesar de lhe faltarem as cadeiras de Direitos Reais e Direito do Trabalho, preencheu o seu «curriculum vitae» como licenciado em Direito. «Fi-lo porque achei que passados uns meses acabaria o curso», explicou a O Independente. A verdade é que Adérito, vá lá saber-se porquê, nunca o fez. Ao que tudo indica, entusiasmou-se à séria pela vida parlamentar.

«Eu não fui!» Explicou-nos que ainda tentou pedir a transferência de Coimbra para a Universidade Clássica de Lisboa, mas «na altura houve uns problemas aqui em Lisboa, e nada feito». O Independente apurou, no entanto, que na Secretaria-Geral da Universidade de Coimbra não consta qualquer pedido de transferência do finalista de Direito.
Quanto ao facto de ter declarado ou não «advogado» como profissão, Adérito Campos garante que «nunca o faria, até porque, mesmo em Coimbra, sempre disse que quando acabasse o curso não era para ir à barra do tribunal». «Eu sempre adorei a vertente política, e por isso é que escolhi tirar o ramo de Ciências Jurídico-Políticas», acrescentou.
Quando lhe perguntámos como é que explicava o facto de nos seus currículos oficiais constar sempre a profissão de «advogado», Adérito Campos não soube explicar, e escudou-se num provável erro dos serviços administrativos do Parlamento.
De facto, a Divisão de Apoio Estatutário aos Deputados, um dos departamentos administrativos da Assembleia da República, publica em todas as legislaturas um livrinho com as biografias dos deputados. No último, referente à VI Legislatura, datado de 1993, lá aparece Adérito Campos, na parte referente às habilitações literárias, com a inevitável «licenciatura em Direito». Mais abaixo, outro dado falso e comprometedor - «Profissão: Advogado».

Erro dos serviços. Se se trata de um erro da Divisão de Apoio Estatutário aos Deputados, não se sabe, e Adérito Campos explica que «pode perfeitamente ter acontecido que os serviços tivessem concluído que eu era advogado por ser licenciado em Direito». Esta explicação do deputado aveirense poderia ter alguma consistência não fora o facto de no mesmo livro constarem colegas seus de partido e outros de Parlamento que figuram como tendo a licenciatura em Direito mas cuja profissão é tudo menos «advogado».
A título de exemplo, refira-se o caso do líder parlamentar laranja, Silva Marques. O sucessor de Pacheco Pereira é licenciado em Direito e em Sociologia, facto este que levou os serviços, segundo a lógica de Adérito, a classificar Silva Marques como... empresário industrial. E se o argumento do secretário da bancada laranja cai pela base com o exemplo do seu líder, o mesmo acontece com colegas seus de hemiciclo. O socialista Arons de Carvalho, apesar de ser licenciado em Direito, é, do ponto de vista profissional, docente universitário. Ou então o exemplo do vice-presidente do grupo parlamentar comunista, João Amaral, que sendo também licenciado em Direito preencheu na respectiva ficha como profissão: «técnico superior da Administração Pública».

Kaput. Os seus companheiros de bancada, esses, não têm dúvidas em traçar o seu destino: «Está politicamente arruinado com este episódio». Muitos deles desconfiavam da sua licenciatura, mas nunca se preocuparam em tirá-lo a limpo. «Eu sabia que ele não era licenciado, mas passados uns tempos ouvi tratarem-no por `doutor' e estranhei», comentou um deputado que com ele partilha a bancada social-democrata. Este gesto de Adérito, garantem-nos fontes próximas do grupo parlamentar do PSD, vai fazer mossa: «Um tipo que faz uma destas, mentindo descaradamente, sujeita-se às piores consequências, quer a nível partidário, quer a nível da Assembleia da República. E nem o facto de ser um bom homem o vai salvar. Logo numa altura em que a transparência está na agenda do dia!».
Quanto a Adérito Campos, limita-se a acrescentar que vai tratar de pedir a transferência para Lisboa, e pensa que só terá de fazer duas e não 12 cadeiras. O facto de poder estar a pagar o preço de ter alinhado por Durão Barroso no último congresso, «com esta torpe denúncia passada para a imprensa», o deputado encolhe os ombros e remata: «Se calhar vou ter de estar mais atento nos próximos tempos». O problema é que pode voltar a esquecer-se, como lhe aconteceu com o curso de Direito.
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PEDRO GUERRA”

6 de maio de 2007 às 20:28  

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