PASSEIO ALEATÓRIO
O eixo do mal
Por Nuno Crato
HÁ CIENTISTAS QUE ADORAM NOMES ESTRANHOS. Quando há dois anos os astrofísicos Kate Land e João Magueijo, no Imperial College, em Londres, descobriram um padrão curioso no mapa da radiação cósmica de fundo, chamaram-lhe «eixo do mal». O que encontraram foi um alinhamento de algumas regiões mais energéticas nesse mapa, que mostra a radiação que enche o universo e que se crê ser um resquício do Big Bang. No conjunto, no entanto, o mapa mostra o universo como isotrópico, isto é, praticamente o mesmo em todas as direcções, o que corresponde à ideia mais generalizada entre os astrofísicos sobre o cosmos.

Recentemente, no entanto, duas observações parecem corroborar a existência do eixo do mal. O belga Damien Hutsemékers verificou que a polarização da luz de quasares que se encontram perto desse alinhamento é mais ordenada do que seria de esperar. O norte-americano Michael Longo analisou 1660 galáxias espirais e verificou que os seus eixos de rotação tendem a estar alinhados com o eixo do mal. É pouco provável que se trate apenas de um acaso. Mas, como sempre, a dúvida é parte da ciência. A «New Scientist» cita o cosmologista Carlo Contaldi, que alerta para o «perigo de, uma vez tendo ouvido falar sobre o eixo do mal, começar a vê-lo em todos os dados».
Ao contrário do que por vezes se diz, os cientistas procuram sobretudo destruir teorias, mas resistem a precipitar-se.
Adaptado do «Expresso»
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