25.7.07

25ª Hora

Poucos mas bons
Por Joaquim Letria
DAQUI A TRINTA ANOS vai haver menos portugueses do que há hoje. Os cálculos são fáceis de fazer. Mal passaremos os sete milhões e meio de habitantes contra os dez milhões de hoje. As razões são fáceis de perceber: morrem mais portugueses do que nascem. As causas deste fenómeno que tanto parece preocupar os estudiosos da demografia lusitana é que já são outra música, ainda que numa versão rápida e facilmente perceptível se possa dizer que é mais fácil cómodo e agradável morrer-se português do que nascer.
No outro dia, o senhor primeiro-ministro, ao inaugurar aquela ponte baixa demais para os barcos, dizia que graças àquela rasteira obra de engenharia Portugal ficava mais pequeno. Enquanto ele encolhe o país como os filmes de verão, os portugueses definham e morrem, sem razão para procriarem mais vítimas da Pátria e novos emigrantes lusitanos.
Todavia, apesar do IVA nas fraldas e da miséria do abono de família não sou tão pessimista. Quando ficarmos todos pobrezinhos de verdade, para o que já não falta muito, vão ver as ninhadas de filhos ranhosos e pé descalço que os portugueses desatam a criar. Já estivemos mais longe.
«24 horas» de 20 de Julho de 2007

Etiquetas: