9.10.08

Os monárquicos e a I República

Por C. Barroco Esperança
OS MONÁRQUICOS NÃO APRECIAM o que Portugal deve à I República. Quase um século depois, permanecem despeitados os órfãos de um rei sem descendência, ressentidos com a República que legislou – e bem – sobre o divórcio, a separação Igreja/Estado, o registo civil, o inquilinato e 5 anos de ensino obrigatório que a ditadura (apoiada por monárquicos) reduziu a quatro para o sexo masculino e a três para o feminino.
As espécies em vias de extinção despertam simpatia nas pessoas com sentido ecológico, mas o trono de Portugal extinguiu-se naturalmente por falta de monárquicos, primeiro, e de rei, depois, com a morte de D. Manuel II, sem descendência.
A manobra salazarista, ao importar um austríaco a quem deu nacionalidade portuguesa, não surtiu efeito. O Sr. Duarte Nuno era, na melhor das hipóteses, descendente de um trauliteiro, de nome Miguel, cuja Capitulação de Évora Monte, benevolamente referida como «Convenção», o incapacitou a ele e aos seus descendentes de cometer mais crimes de lesa-pátria. O seu nome cunhou um humilhante e sombrio substantivo – miguelismo.
Curioso seria provar a linhagem através do ADN, assunto menor mas picante. Apurar o passado de Carlota Joaquina, de quem D. Miguel era filho, seria uma infindável viagem através de moços de estrebaria e vassalos obrigados a ceder às exigências de uma das mulheres mais feias do seu tempo e que exonerara o augusto marido dos deveres conjugais anos antes do nascimento do príncipe.
D. Miguel I* foi seguramente da família Bourbon mas, jamais, da família Bragança. Os que se reclamam de tal ascendência, podem aspirar ao trono de Espanha mas nunca ao de Portugal, ainda que o houvesse.
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* Nome completo: Miguel Maria do Patrocínio João Carlos Francisco de Assis Xavier de Paula Pedro de Alcântara António Rafael Gabriel Joaquim José Gonzaga Evaristo de Bragança e Bourbon. (Parece um catálogo de nomes para escolha dos padrinhos).
NOTA: Outras crónicas do mesmo autor encontram-se no blogue Ponte Europa.

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3 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Acerca da melindrosa questão «Quem foi o pai biológico de D. Miguel?», ler o que escreveu Raul Brandão, em «El-Rei Junot», Cap. III, «A Corte» - [aqui].

9 de outubro de 2008 às 18:37  
Blogger Carlos Esperança said...

CMR:

Obrigado por ter citado uma fonte que faz luz sobre o destempero hormonal de D. Carlota Joaquina.

9 de outubro de 2008 às 22:57  
Blogger Táxi Pluvioso said...

Bolas!!!

10 de outubro de 2008 às 05:23  

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