A gente vê-se, por aí
Por Joaquim Letria
NA PASSADA SEXTA-FEIRA, dia 7 de Agosto, às 16 horas, no sexto piso do Hospital de Santa Maria, na Unidade do Tratamento Intensivo das Coronárias (UTIC), na altura à guarda da bonita enfermeira espanhola Anabel, despedi-me de Raul Solnado, que ali deixei com um sorriso enigmático e sonolento .
Raul estava num estado que à saída a espanhola classificou de “dormente” e eu, amigo português pessimista, traduzi por “mais para lá do que para cá”, o que, infelizmente, poucas horas depois se viria a confirmar. A sua neta Joana e o seu filho Renato haviam lá estado na véspera, na sua rotina afectuosa diária. Eu, à última hora, cumprira a retribuição a uma visita de há 10 anos naquele mesmo hospital e despedia-me sem saber nem dizer a palavra “adeus”.
Regressei a casa recordando 40 anos de peripécias com o cómico que parecia ter vergonha de fazer rir e que buscara no D. Roberto, no soldado Schweik e na Praia dos Cães a seriedade que associava ao respeito dos outros. Deu-me conselhos sérios e serões de riso irreprimível.
Guardo a recordação dum homem que nas reviravoltas da vida sempre se esforçou por sorrir, no desejo de ser correspondido por um amigo. A gente vê-se por aí, Raul.
NA PASSADA SEXTA-FEIRA, dia 7 de Agosto, às 16 horas, no sexto piso do Hospital de Santa Maria, na Unidade do Tratamento Intensivo das Coronárias (UTIC), na altura à guarda da bonita enfermeira espanhola Anabel, despedi-me de Raul Solnado, que ali deixei com um sorriso enigmático e sonolento .
Raul estava num estado que à saída a espanhola classificou de “dormente” e eu, amigo português pessimista, traduzi por “mais para lá do que para cá”, o que, infelizmente, poucas horas depois se viria a confirmar. A sua neta Joana e o seu filho Renato haviam lá estado na véspera, na sua rotina afectuosa diária. Eu, à última hora, cumprira a retribuição a uma visita de há 10 anos naquele mesmo hospital e despedia-me sem saber nem dizer a palavra “adeus”.
Regressei a casa recordando 40 anos de peripécias com o cómico que parecia ter vergonha de fazer rir e que buscara no D. Roberto, no soldado Schweik e na Praia dos Cães a seriedade que associava ao respeito dos outros. Deu-me conselhos sérios e serões de riso irreprimível.
Guardo a recordação dum homem que nas reviravoltas da vida sempre se esforçou por sorrir, no desejo de ser correspondido por um amigo. A gente vê-se por aí, Raul.
«24 Horas» de 10 de Agosto de 2009
Etiquetas: JL
1 Comments:
Nem mais!
A gente vê-se por aí.
Só espero que, quando chegar a minha hora, também possa dizer que vou de papinho cheio.
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