Gatunos dão gasolina à crise
Por Ferreira Fernandes
SEGUNDO dizem os telejornais, já há mais uma consequência da crise: aumentam os condutores que atestam o depósito nas bombas de gasolina e fogem sem pagar. A culpada, portanto, é a crise. É? Eu tinha ideia que 130 condutores, por dia (números da Associação Nacional de Revendedores de Combustível, ANAREC), abastecerem e fugirem sem pagar tinha por culpados 130 gatunos. Mas, não, é a crise.
É pena a ANARES não ter números, para saber se ela também ilustra a crise. Gente que vai às marisqueiras, come e foge sem pagar também deve haver - infelizmente, a Associação Nacional de Revendedores de Santolas deve ser avessa a estatísticas e não temos mais esses números para os telejornais.
Voltando às octanas: os portugueses com vergonha na cara que, por não terem dinheiro para o combustível, deixam o carro estacionado à porta de casa, ou até o vendem, e se põem a andar de autocarro e metro, devem ser multados por enganar o país? Como não roubam as bombas de gasolina, impedem os telejornais de mostrar mais um indício da crise... Ou, extremando a lógica parva com que nos noticiam as coisas, em caso de crise tão crise em que ninguém mais pudesse ter automóvel - e, logo, deixasse de haver 130 portugueses, por dia, a fugir nos postos de gasolina - seria natural decretar-se o fim da crise. Ou não?
Esta foi a minha crónica subordinada ao tema "a crise dá para tudo: de sociologia barata nos noticiários a álibi para gatunos."
«DN» de 29 Set 11SEGUNDO dizem os telejornais, já há mais uma consequência da crise: aumentam os condutores que atestam o depósito nas bombas de gasolina e fogem sem pagar. A culpada, portanto, é a crise. É? Eu tinha ideia que 130 condutores, por dia (números da Associação Nacional de Revendedores de Combustível, ANAREC), abastecerem e fugirem sem pagar tinha por culpados 130 gatunos. Mas, não, é a crise.
É pena a ANARES não ter números, para saber se ela também ilustra a crise. Gente que vai às marisqueiras, come e foge sem pagar também deve haver - infelizmente, a Associação Nacional de Revendedores de Santolas deve ser avessa a estatísticas e não temos mais esses números para os telejornais.
Voltando às octanas: os portugueses com vergonha na cara que, por não terem dinheiro para o combustível, deixam o carro estacionado à porta de casa, ou até o vendem, e se põem a andar de autocarro e metro, devem ser multados por enganar o país? Como não roubam as bombas de gasolina, impedem os telejornais de mostrar mais um indício da crise... Ou, extremando a lógica parva com que nos noticiam as coisas, em caso de crise tão crise em que ninguém mais pudesse ter automóvel - e, logo, deixasse de haver 130 portugueses, por dia, a fugir nos postos de gasolina - seria natural decretar-se o fim da crise. Ou não?
Esta foi a minha crónica subordinada ao tema "a crise dá para tudo: de sociologia barata nos noticiários a álibi para gatunos."
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