A Zita que saiu do ar condicionado
Por Ferreira Fernandes
ZITA SEABRA, em conversa com Mário Crespo, na SIC, sugeriu que o PCP e a RDA
(Alemanha comunista) usavam os aparelhos de ar condicionado da empresa
portuguesa FNAC (ligada nos anos 70 e 80 ao PCP) para espiar. E quando
Crespo explicita "equipamentos de escuta...", ela confirmou: "Em tudo o
que era ministérios, em sítios nevrálgicos." Ela lembrou que era
frequente entre comunistas "brincar-se, dizendo em que gabinete estará
aquele ar condicionado..."
Zita foi dirigente do PCP e aquilo que se
sabe da RDA em matéria de espionagem dá crédito mesmo a hipóteses
absurdas. Mas ficam-me algumas dúvidas. Zita Seabra saiu do PCP em
janeiro de 1989 e só em outubro de 1990 a RDA acabou. Nesse intervalo de
ano e meio a já democrata Zita informou o País do perigo que corria? Ao
que parece não disse nada porque PS, PSD e CDS, todos com gabinetes
potencialmente escutados e nenhum meigo com o PCP, não tiraram partido
do escândalo. Então, porque calou, Zita?
O que me leva a outra dúvida:
microfones em aparelhos de ar condicionado? Aparelhos de escuta usam-se
em floreiras, relógios, botões, lamparinas e o agente Olho Vivo até num
sapato. Tudo objetos silenciosos. Em ar condicionado? Hmmm, as suspeitas
aprofundam-se: uma vez comunista, comunista toda a vida... Será que
Zita é uma agente adormecida e, mais forte do que ela, aproveitou a ida
ao Crespo para fazer propaganda aos aparelhos comunistas da FNAC, os
mais silenciosos do mercado capitalista?
«DN» de 11 Ago 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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