Bancos e política dão raia
Por Joaquim Letria
NÓS, PORTUGUESES
de má pinta, metemo-nos no negócio da banca e agora podendo todos
gabar-nos que somos banqueiros, assobiamos às botas das nossas
economias, enterradas no BPN, na Caixa Micaelense, na Caixa Madeirense,
no BANIF e no BPP e palpita-nos que não tarda nada e metem-nos também na
Caixa Geral de Depósitos e mais um bocadinho no BCP. Melhor que nós só o
Joe Berardo, o Oliveira Costa e o sobrinho do Isaltino, que é taxista
mas faz excelentes depósitos na Suiça.
Esta
coisa de meter dinheiro nos bancos dá mau resultado. Em Espanha e na
Alemanha já se viu que mais vale jogar no euromilhões ou mesmo fazer a
raspadinha do Santana Lopes.A Espanha, por via disso, recebeu 40 mil
milhões de euros para ajudar os seus bancos em dificuldades.A maior
parte destes bancos espanhóis é composta por caixas económicas
regionais, muito chegadas aos partidos que mandam nas regiões autónomas.
Os
40 mil milhões de euros que foram para os bancos espanhóis também foram
acompanhados por um memorando de entendimento, que hoje em dia ninguém
empresta dinheiro a ninguém sem esses memorandos que são muito parecidos
– diz quem já os leu –com as letrinhas mais miúdas das apólices de
seguros. Em Espanha, os partidos indicaram muitos gestores incompetentes
(e alguns parece que também corruptos) e muitos projectos económicos
deram com os burrinhos na água.
Também
na Alemanha há caixas regionais públicas ligadas aos governos dos
estados que não primam pela boa gestão. Dizem que estão carregadinhas de
“activos tóxicos”,olhem para a Renânia-Westfália!
Por
estas e por outras é que a sra. Merkel se opõe a que o Banco Central
Europeu, apesar de lá ter a doçura do Dr. Constâncio, supervisione essas
caixas da zona euro. A Angelita sabe bem que misturar bancos na
política dá quase sempre raia. Foi coisa que o Kholl não se cansou de
lhe repetir…
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