Dica para pôr a 'troika' na ordem
Por Ferreira Fernandes
O
PAPEL controlador da troika entendo-o com a resignação dos devedores.
Já me parece demais quando ela se arma em dar conselhos amigos: "O
Governo está a fazer as coisas bem mas a comunicá-las mal", diz o
Expresso que ela (troika) disse.
Eu peço dinheiro ao banco e este, mal
eu falhe uma prestação, vai-me ao ordenado. Admito. Outra coisa é, à
pala de eu ter pedido um empréstimo para o carro, ver um cavalheiro de
belos cabelos prateados a aparecer-me na autoestrada a fazer sinais: era
o sr. Ricardo Espírito Santo a mandar-me passar a mudança para
quarta... Isso, não deixo.
A relação com dinheiros entre credores e
devedores está há séculos bem regimentada. Com ligeiras mudanças para a
parte fraca do negócio (dão-lhe açoites, prendem ou simplesmente vão-lhe
ao bolso) mas cada um sabe o lugar de cada um. Repito, a troika que
nos cobre. Mas só dinheiro! Que se arrogue a dar lições públicas de
convivência ao meu Governo é-me insuportável. Hoje é: expliquem-se
melhor. E amanhã? "O défice está uma beleza... Mas, Pedro, esse corte de
cabelo..." Ou: "Álvaro, como é? Com essa pronúncia de Viana como é que
você quer vender alguma coisa em Belgravia ou Mayfair? Ah, não é de
Viana, é de Viseu... Não interessa, faz sempre parolo..."
Parece que na
segunda a troika e o Governo vão-se encontrar. Eu levava a Bobone. O
careca desengonçado tem ar de beber chá com o mindinho espetado: ao
primeiro abuso deles, ela lembrava-o.
«DN» de 10 Mar 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
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