O homem de quem não disseram nem dizem bem
Por Joaquim Letria
OS NORTE-AMERICANOS
estiveram à espera da morte de Hugo Chavez para porem mais ódio cá fora
do que aquele que manifestaram nos 58 anos de vida do comandante. É
natural que assim o tenham tratado e que continuem a tratá-lo desta
forma, se reflectirmos um pouco acerca do que Chavez representou e,
principalmente, fez na Venezuela.
Os
artigos sobre Chavez naturalmente que falarão sobre o golpe de estado
que tentou liderar, da sua amizade com os irmãos Castro de Cuba, a sua
intimidade com Putin e Ahmadinejad, recordarão o “porque no te callas?”
do rei de Espanha e dos “diabos” de George Bush filho, na Assembleia da
ONU.
E,
também naturalmente, estes e outros artigos não mencionarão a subida de
10,5 anos de educação em 2000 para 14,2 em 2011, nem se referirão à
esperança de vida dos venezuelanos ter aumentado de 72 para 74,4 anos
durante esse mesmo período. Quase de certeza que esses artigos falarão
nas tentativas de Chavez aumentar a duração dos mandatos presidenciais e
talvez o acusem de ser autoritário, como muitos lhe chamavam ditador. E
esquecer-se-ão de referir que Chavez sempre foi democraticamente eleito
com grandes margens de votos populares em votações maciças como nunca
se haviam repetido na Venezuela em muitas outras décadas.
Certamente
que os artigos que se preparam sobre a Venezuela também criticarão as
pobres condições das prisões venezuelanas, mas não se referirão ao facto
do presidente agora morto ter perdoado aqueles que tentaram derrubar
pela força o governo democraticamente eleito em 2002.
Certamente
que não se esquecerão de dizer que a Venezuela beneficiou da subida do
preço do petróleo, mas é natural que omitam que utilizou esses
rendimentos do petróleo para apoiar cidadãos de muitas nações,
designadamente norte-americanos necessitados.
Verdade
que algumas coisas eram difíceis de nos porem a concordar com Chavez.
Mas muito mais raras e sobretudo muito pouco honestas eram as coisas com
que se podia concordar do que escreviam sobre o comandante Hugo Chavez
e a sua Venezuela.
Etiquetas: JL
1 Comments:
Sim, não me parece que seja por acaso que tantos venezuelanos chorem a morte de Hugo Chavez.
Agora, quando se pensa que o falecido presidente da Venezuela afirmava que eram os americanos (dos EUA, claro) que disseminavam cancros ou que provocavam sismos como os que originaram horríveis tsunamis na Ásia, uma pessoa pasma. Queira ou não queira, não é? A não ser que tais notícias sejam falsas.
Mas a exuberância e o populismo do Homem não eram propriamente agradáveis. Lá isso não...
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