É mau terem partido. E péssimo voltarem
Por Ferreira Fernandes
ÀS VEZES, a ferida dolorosa não deixa ver chegar uma doença mortal - no
dia em que temos um panarício não nos apetece ir fazer análises ao
cancro do cólon. As manchetes só sobre crise económica tapam-nos a mecha
a ir para o paiol. Já ouviu falar dos belgas na Síria? Jovens de
Bruxelas e Antuérpia partem para a guerra santa. Segundo a universidade
londrina King"s College, há 500 europeus na Síria a combater. Desses,
diz o jornal Le Monde, 300 são belgas. Depois da cerveja e chocolates, a
outra especialidade: ser mobilizado pela Al-Qaeda. De facto, os
combatentes belgas vão para a brigada Al-Nosra, o principal grupo
djihadista sírio. Termo de comparação: aquele Abu Sakkar que arrancou o
coração de um soldado governamental e o trincou (há vídeo) é só chefe da
brigada Al-Farouq, que é perseguida pelos da Al-Nosra por serem
moderados.
Os emigrantes muçulmanos belgas estão desolados com a
facilidade de recrutamento dos seus filhos em Bruxelas - é conhecido o
caso de dois rapazes de 14 e 16 que partiram. Esses pais, naturalmente,
anseiam pelo regresso. Ora, isso não será uma boa notícia para todos. A
Argélia ganhou uma guerra civil com os seus jovens regressados do
Afeganistão. Desta vez, não serão só jovens combatentes que partiram de
cabeça quente e voltarão com ela a ferver. É que voltam para o coração
da Europa, para o Estado e nação mais frágeis da União. Junte-se a isso a
demografia: em 2030, Bruxelas tem maioria muçulmana.
«DN» de 17 Mai 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
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