Lello escreve curto e pensa também assim
Por Ferreira Fernandes
O FRANCÊS Pierre Desproges era um humorista individualista e cínico. É
dele a frase: "A mais de quatro, é-se um bando de imbecis; por maioria
de razão, a menos de dois, é o ideal." Como não sabia fazer mais nada,
ele foi para jornalista e, no L' Aurore, jornal conservador, puseram-no a
redigir as pequenas notícias, o que ele fazia com toque especial. Por
exemplo: "Ontem, um maluco gritou "sou o rei do mundo!" ao saltar para a
fossa do tigres no zoo de Oklahoma City. Um instante depois, abdicava."
Conto isso, caso leitores não o conhecessem, para que se possa medir
melhor a sua frase sábia: "Pode rir-se de tudo, mas não com toda a
gente." Quer dizer, mesmo o provocador Desproges sabia que, apesar do
humor não ter baias, é indecente espicaçar o riso dos canalhas.
Muita
gente que frequenta os Facebook, Twitter e outras redes sociais,
pensando ser só ouvida por peixe amigo, esquece-se do conselho prudente.
Que, aliás, poderia ser estendido às grosserias, despropósitos e outros
maus gostos, admissíveis quando o círculo de ouvintes é controlado mas
que se tornam perigosos quando atirados a toda a gente.
Ontem, o
deputado José Lello escreveu no Twitter: "Pai de Passos diz que "filho
está morto por se ver livre disto." Os portugueses estão desesperados
por se verem livres dele. Morto ou vivo!" Lello conseguiu fazer um
tweet, que só pode ter 140 carateres, em 139, e conseguiu, a menos de
dois, sozinho, ser um bando de imbecis.
«DN» de 23 Mai 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
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