20.5.13

«Dito & Feito»

Por José António Lima
NA SUA ingenuidade de novato nestas andanças da alta política, o recém-eleito líder da UGT, Carlos Silva, já se havia descaído e revelado, há uns bons dez dias, que Passos Coelho «assumiu perante a UGT que essa questão da taxa sobre as pensões não vai para a frente».
Carlos Silva adiantou mesmo: «A ideia é que o CDS, que lançou essa sugestão pela voz do seu líder, se vê obrigado a apresentar uma alternativa que tenha os mesmos resultados orçamentais». Caso transitoriamente arrumado? Sim, pensou-se. Não, entendeu Paulo Portas. Que decidiu radicalizar inesperadamente a sua posição no passado fim de semana.
O que terá incitado o líder do CDS a extremar a sua exigência de retirar desde já a ‘TSU dos pensionistas’ do relatório da 7.ª avaliação da troika – quando já tinha o compromisso de princípio de Passos Coelho de a deixar substituir por medidas alternativas? O que terá levado Portas ao ponto de quase ter provocado a demissão do primeiro-ministro e a queda do Governo? Que só a intervenção superior e moderadora do Presidente da República terá evitado, já in extremis?
Haverá, pelo menos, duas ordens de razões. A primeira é que Portas pretendia ter desde já nas suas mãos a bandeira do paladino contra a ‘TSU dos pensionistas’. Para assim camuflar a duplicidade da sua posição em relação aos pensionistas da Segurança Social, nos quais não tolera um corte de 436 milhões de euros, e aos pensionistas da Caixa Geral de Aposentações, nos quais já acha perfeitamente admissível um corte de 740 milhões. E para poder arvorar essa bandeira desculpabilizante no momento melindroso em que se tornarem claros os cortes, que caucionou, de 10% ou mais nos reformados da CGA – juízes, militares, professores, médicos, etc. – que irão ver as suas reformas mensalmente reduzidas em 200, 300, 400 euros ou mais.
A segunda ordem de razões é que cabe a Portas, como confirmou inadvertidamente o líder da UGT, o incómodo e impopular encargo de apresentar cortes alternativos à ‘TSU dos pensionistas’. Tal como lhe cabia a ele a incumbência de dar à luz do dia o célebre guião de cortes estruturais na despesa do Estado. Que vem adiando de semana para semana. Percebe-se bem porquê.
«SOL» de 17 Mai 13

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1 Comments:

Blogger José Batista said...

Creio que Paulo Portas percebe que desta vez está metido num assado.

Mas nós, quase todos nós, estamos muitíssimo pior do que ele.
E menos merecidamente.

20 de maio de 2013 às 21:30  

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