Já ontem era evidente
Por Ferreira Fernandes
HÁ EXATAMENTE dois anos, dia seguinte às eleições, fui pelo bom senso. Se o problema era o que os partidos diziam, gravíssimo, urgia unir as responsabilidades. Um Governo alargado - a prazo e com programa definido (o acordo com a troika) - ter-nos-ia evitado o gasparismo, só possível porque alguém se sentiu livre de compromissos. Previ que em seis meses daríamos pelo erro, mas errei: dois anos depois continuamos na mesma.
Eis o texto que publiquei aqui, a 6 de junho de 2011:
"Portugal foi a eleições ontem. Problemazito resolvido, o sério, agora, são as obrigações para com os nossos credores inflexíveis. O PSD ganhou de forma clara (...). Deu para ontem os seus saírem à rua apitando, como nas épocas normais. Mas ontem, como já disse, conta pouco. As obrigações de hoje (e do resto dos dias da nossa dívida) exigem uma larga maioria: que vote no Parlamento o que foi assinado pelo PS, PSD e CDS com a troika (...). Ontem, só ouvi um político do PSD, o retirado Mira Amaral, e o líder do CDS, Paulo Portas, lembrarem o PS. Pode parecer despropositado perante o desaire do PS, mas foi sábio para quem reconhece que o que vale são os dias, meses e anos que vêm aí. Mais do que meter o PS no Governo ou combinar com ele maiorias parlamentares, trata-se de uma atitude de diálogo. E não se trata de fazer um favor ao PS, mas de responsabilizá-lo na solução da nossa crise. Pensem nisso, antes que os factos obriguem a pensá-lo daqui a seis meses."
«DN» de 6 Jun 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
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