A tragédia dos seis e o drama dos seus
Por Ferreira Fernandes
Sete jovens, numa praia em noite de luar. O mar pode ser encrespado ou chão de onde saltam ondas raras e vigorosas, mas a praia é larga e engana. A onda veio mesmo, levou os sete e só um devolveu com vida. No Meco, seis jovens envolvidos numa tragédia daquelas que não podem ser medidas pelos de fora. As mortes políticas ajudam os correligionários a cerrar fileiras e, aí, a tragédia ganha um sentido. As mortes cometidas por criminosos têm o mérito de nos relembrar a maldade.
As mortes de acidente alertam-nos para os erros cometidos, da velocidade a mais, numa estrada, aos crimes contra a natureza, nos tufões... São todas mortes com sentido, embalam causas, acirram revoltas e até educam. No Meco foram sete jovens numa praia de areal vasto a quem um destino inesperado veio pedir contas. Levou seis, devolveu um, em contas de deuses. Não há lição a tirar, há só que aceitar o balanço. Não há nada a aprender para o futuro, não há como apontar culpados. Então, à tragédia dos seis junta-se o drama dos seus. Nem raiva podem ter. Os seus foram-se sem porquê. Ou porque sim, convencer-se-ão com o peso que arrasta as comissuras dos lábios para baixo e faz encolher os ombros. Esse drama dos amigos e familiares de uma tragédia sem sentido obriga-nos a todos, os de fora, ao silêncio. Eu também remeter-me-ia a ele, não fosse ter lido os nojentos comentários no online do meu jornal. Só passei por cá para dizer que estou envergonhado.
«DN» de 16 Dez 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
O que terá levado aquele grupo de jovens, àquela hora, junto a um mar desconhecido? Mera imprevidência juvenil?
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