Ditadura, pessoas e acasos da vida (Crónica)
Por C. Barroco Esperança
Quando da insurreição de Beja, passei o fim de ano no Cume, sede da freguesia de Vila Garcia, a 10 km da Guarda, onde a minha mãe era professora. Ainda dormia quando, na madrugada de 1 de janeiro de 1962, meu pai me acordou, com o rádio na mão, para me dizer que o quartel de Beja tinha sido assaltado. Com uma garrafa de vinho do Porto e dois cálices fizemos a precipitada celebração de um desejo que redundaria em fracasso.
Nunca tinha ingerido uma bebida alcoólica em jejum, experiência que só têm os padres, por dever do múnus, e os bêbedos, por hábito. Àquela hora o locutor de turno falava de uma tentativa de assalto ao quartel de Beja e de tiros, além da existência de feridos e de possíveis mortos. Foi breve o entusiasmo e 12 longos e dolorosos anos nos separavam ainda da liberdade, mas nós não sabíamos. (...)
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