O caso do vereador voador
Por Ferreira Fernandes
Em setembro, Luís Sousa, PSD, foi eleito nas autárquicas em Baião. Felizmente, sendo ele um autarca (do grego autarkos), não deixou também de ser um autarco (do grego autarkes). Os baionenses puseram-se a ler o programa do partido e só lhe deram 18,42 por cento de votos. Tivesse o nosso homem sabido explicar que mais do que autarca ele era um autarco, isto é, "sóbrio, moderado" (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, José Pedro Machado), e teria limpado a câmara. Não interessa, foi eleito vereador. Da sua ação de autarca, confesso, não pesco nada. Do quanto o autarco tem poupado a Baião sei muito. Três meses depois de eleito, Sousa, que é enfermeiro, foi trabalhar para Londres e lá tem residência oficial. Não descurou as obrigações de eleito e vereador continuou. Quer dizer, duas vezes por mês vem às reuniões do executivo. Nesta semana, soube-se que ele quer que a câmara lhe pague as viagens de avião (Londres-Porto-Londres) e o carro até aos aeroportos. E, hoje, em Baião critica-se o vereador voador. Ora, em setembro, o candidato Sousa deveria ter-se apregoado assim: "Daqui a meses vou para Londres e vocês pagarão só uns ida-e-volta na Ryanair, a baratucha. Eu, o moderado, prometo-vos que não emigro para o Maputo (8000 km) e vocês não têm de pagar bilhetes de mil euros!" E, se fosse preciso, ameaçava ir viver para a selva de Cabo Delgado, o que de táxi até Maputo, duas vezes por mês, nem todo o orçamento de Baião chegava...
«DN» de 22 Fev 14Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
Ele que assista às reuniões por videoconferência. Mais um chico-esperto a brincar com o dinheiro dos pobres, o que devia ser inadimissível!
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