Jornais que por trás parecem uma velha
Por Ferreira Fernandes
O regresso de Ricardo Araújo Pereira (R.A.P.) foi um falhanço, como dizem os títulos dos jornais: na estreia, o programa de humor Melhor do que Falecer ficou aquém da novela da SIC. Share do infeliz: 25,9 por cento; share da novela: 29,4 por cento! Comparação tão adequada só me lembro do vinho Barca Velha 1966 que vendeu menos garrafas do que o carrascão ribatejano vendeu de tonéis de 200 litros. Nesse ano, o share do carrascão traçado a gasosa foi arrasador nas tabernas do Bairro Alto enquanto no vizinho restaurante Tavares só se abriram duas Barca Velha. Essa é a verdade dos números e ainda bem que os jornais sabem comparar. Depois de fazer um belo genérico com a voz do Camané, escolher para companheiro Miguel Guilherme que só com o levantar do sobrolho esquerdo diz mais do que as falas dos 164 episódios da tal novela e logo no primeiro programa fazer um texto para pensar e um texto para rir, R.A.P. não fez mais nada. R.A.P. é só um génio mas o povo português não está para essas inutilidades, pensar e rir. R.A.P. acabou a interpretar um popular atazanado com um drama nacional pouco falado. Perguntou às autoridades: "O que é que está a ser feito no âmbito das crianças que vistas por trás parecem uma velha?" No seguimento, aos jornais portugueses - que, como se sabe, são um primor de qualidade e um modelo de negócio com sucesso - deu-lhes para comparar shares... O balanço é este: R.A.P. e jornais, dois grandes momentos de humor.
«DN» de 17 Abr 14
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