O valor da pátria entrou nas bolsas
Por Ferreira Fernandes
Os escoceses vão a referendo em setembro: independentes ou continuam no Reino Unido? O independentista Alex Salmond, líder do Partido Nacional Escocês, tem um argumento de peso: 1200 libras anuais ( 1478 euros) é quanto ganharia um escocês com a independência. Em resposta, o Governo de Londres calculou o oposto: continuando britânico, cada escocês ganharia 1400 libras por ano (1724 euros). É uma estreia mundial esta de o negócio da Pátria ser discutido num guichê de câmbios. Geralmente a coisa é mais privada, Miguel de Vasconcelos, para falar de um comprador de pátrias notório, também deve ter multiplicado aqui, somado acolá, para tomar a decisão que acabou por o defenestrar em 1640. Para quando os guardas fronteiriços, em vez de carimbar o passaporte, sopesarem a bolsa? Na demonstração de quanto (literalmente) vale ser do Reino Unido, Douglas Alexander, o subsecretário de Estado do Tesouro (pelos vistos, o mais habilitado departamento para falar de nacionalidade), enumerou as vantagens de continuar britânico. Entre os desígnios patrióticos, este: com 1400 libras é possível comprar 280 cachorros-quentes no Festival de Edimburgo. É um argumento até para quem não pode votar no referendo: eu, por exemplo, não porei os pés num festival que me leva cinco libras (mais de seis euros) por um cachorro-quente. Quanto aos escoceses, que façam as contas, como dizia o outro: "Uma pátria dá-me 1478 euros, outra, 1724, por qual morro eu?"
«DN» de 8 Jun 14 Etiquetas: autor convidado, F.F
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