O juramento dos banqueiros
Por Ferreira Fernandes
Deve ser por isso que lhe chamávamos "pérfida Albion". Ontem, o Reino Unido pôs-se a discutir banqueiros! O despropósito de discutir banqueiros por estes dias, como se o velho aliado que somos não sentisse a faca revolvendo na chaga... Mas está bem, ouçamos, talvez não seja só para nos gozar. Um grupo de estudo britânico sobre bancos apresentou um relatório com este belo título: "Banca Virtuosa - Pôr Ética e Boas Intenções no Coração dos Bancos." Não é sem tempo, porque a desconfiança é geral. Num balcão, quando lhe entregam um formulário, o cliente do banco já olha a medo, convencido de que vai ver nele escrito "Isto é um assalto!" Então, o tal relatório diz que restaurar a confiança nos bancos é a prioridade. Mas como depositar confiança quando desconfiamos dos depósitos? Confiar nos bancos é hoje uma espécie de crédito malparado. Daí o relatório avançar, escreviam ontem os jornais ingleses, com uma proposta interessante. Os banqueiros, no começo da carreira, deveriam fazer um juramento. Do tipo: "Juro fazer o meu melhor com vista a satisfazer as necessidades dos clientes. É meu primeiro dever prestar um serviço de qualidade exemplar e mostrar um cuidado acima e para além do que a lei exige." Uma coisa como o Juramento de Hipócrates dos médicos. Mas, atenção, sendo banqueiros, oiçam como eles soletram: Hipócr-A-t-E-s. Não vá o juramento fugir-lhes para o costume e mudarem duas letrinhas.
«DN» de 30 Jul 14Etiquetas: autor convidado, F.F
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