IDOSOS, FORMA EUFEMÍSTICA DE DIZER VELHOS
Por A.M.Galopim de Carvalho
É VOZ CORRENTE ouvir-se
dizer que “sempre que morre um velho, é uma “biblioteca” que se perde”.
Importa, pois, que essa “biblioteca”, seja ela de saber popular ou erudito,
enquanto viva, se abra aos que dela possam beneficiar.
São muitos os
idosos em que o cérebro, repleto de informação e de experiência acumuladas ao
longo de uma vida, assiste, consciente e impotente, à degradação física do
respectivo corpo, o que, convenhamos, não é agradável. Como resposta, busca e
adopta comportamentos e actividades compatíveis com essa realidade
incontornável. Os idosos que, profissionalmente, exerceram intensa actividade
intelectual e que o chamado limite de idade arrumou na irremediável e penosa
condição de pensionistas, continuam, por muitos anos, intelectualmente activos.
É, pois, nesta classe de cidadãos que procuro situar-me, fruindo o dia-a-dia,
com alegria de viver, fazendo por esquecer ou minimizando, com recurso à
medicina, as artrites, as deficiências coronárias e demais mazelas próprias da
chamada terceira idade. Divulgar a ciência que cultivei, como geólogo e
professor de geologia, foi a opção que tomei no sentido de tornar útil o meu
tempo de pensionista. Sem horário de trabalho fixado, o que aconteceu com a minha
jubilação em 2001, sou dono de todo o meu próprio tempo, que reparto a meu belo
prazer, e dele fazem parte, entre outras ocupações, transmitir, pela palavra
escrita e falada, o que a vida em sociedade e a profissão me ensinaram, a par
de uma intervenção cívica focalizada, sobretudo, na defesa e salvaguarda do
nosso património geológico e paleontológico.
Os textos que, com
propósitos científicos e pedagógicos, de há muito venho divulgando, têm como
destinatários preferenciais os professores que, nas nossas escolas básicas e
secundárias, se debatem com falta de elementos que complementem os tradicionais
livros adoptados. Visam, ainda, o cidadão comum, interessado em conhecer o chão
que pisa e lhe dá o pão. Não pretendo, longe disso, ensinar algo de novo aos
meus pares, alguns deles bem mais entendidos do que eu nestas matérias. A
esses, muitos deles meus ex-alunos, recorro, sempre que necessário, para que me
esclareçam dúvidas, me aconselhem ou ensinem algo do muito que já sabem,
estimulando-os a que, com o mesmo espírito de missão, a mesma simplicidade e
igual humildade no que procuro transmitir, se disponham a divulgar a ciência
que cultivam.
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