24.11.16

O perigo vem do Oeste

Por C. Barroco Esperança 
Em 20 de janeiro de 1981, Ronald Reagan, ao tomar posse como presidente dos EUA, afirmou que “a solução dos nossos problemas não está no Governo, o Governo é o problema”. O ex-ator secundário de Hollywood juntava-se nesse dia à sua alma gémea inglesa, Margaret Thatcher, eleita sete meses antes, e ao papa João Paulo II que, desde outubro de 1978, dirigia o Vaticano e seria um dos seus indefetíveis sequazes.
 A contrarrevolução, conservadora nos costumes e ultraliberal na economia, falhou nos costumes, mas desregulou a economia, precarizou o trabalho e deixou o destino social, económico e político dos povos ao setor financeiro, num frenético avanço do poder do capital sobre o trabalho, à escala global. A via democrática, quando falhou, foi trocada por ditaduras sangrentas que impuseram os objetivos ultraliberais.
 Hoje, mais de oito anos depois da falência do banco Lehman Brothers e da tragédia que adveio da desregulação dos mercados, não se repensou o capitalismo nem a manutenção de um módico de justiça social e de manutenção das liberdades. Face o abismo, deu-se um passo em frente. Nos escombros dessa política, os países mais pobres, arruinados e endividados, veem o garrote dos juros a estrangular a economia, depois de alienarem os seus setores-chave. 
 Multiplicam-se guerras regionais, explode a bomba demográfica, exacerbam-se pulsões xenófobas, criam-se jihadistas e impede-se a sobrevivência a cada vez maior número de pessoas, perante o aquecimento global e a incapacidade de regeneração do Planeta.
Vinte e cinco anos depois de Reagan, vai tomar posse Donald Trump. Desenha-se uma aliança protofascista de geometria e consequências imprevisíveis. O Reino Unido e os EUA, que há 71 anos foram indispensáveis para a derrota do nazi-fascismo e promoção da paz e prosperidade da Europa Ocidental, são hoje as suas maiores ameaças.
 Em 1945 tivemos a grandeza épica de Franklin Roosevelt e Winston Churchill; em 1980 o poder financeiro desregulou os mercados com Ronald Reagan, Margaret Thatcher e o seu aliado útil, no Vaticano; 2017 começará com a insânia de Donald Trump e Theresa May (RU), agora com a hostilidade do papa, e numerosos protofascistas que a memória curta dos povos levou ao poder, e de outros que esperam o ressentimento dos eleitores.
 Pelo meio, ficou a ‘apagada e vil tristeza’ de George W Bush e Tony Blair e o mal que fizeram. Agora, a esquizofrenia atingiu o paroxismo. E o terror vem do Oeste. 
 Ponte Europa / Sorumbático

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2 Comments:

Blogger José Batista said...

A coisa está fusca.
Relativamente ao texto, não sei se João Paulo II foi uma variável tão significativa na equação que tão claramente exprime.

24 de novembro de 2016 às 13:24  
Blogger opjj said...

Está na hora de V.Exª bater à sola para um desses países seus eleitos com estrelas Castro, Maduros etc, Isto por cá está muito mal frequentado, pese embora, o tal da palavra dada é palavra honrada, que não saía da Câmara, falhasse, mas sempre vai dando uns trocos por conta de mais dívida.

24 de novembro de 2016 às 15:48  

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